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Corpus Christi – Olinda

19 de Junho de 2014

Na solenidade de Corpus Christi, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, presidiu a Missa às 9 horas, na Igreja Catedral, Sé de Olinda. Esta celebração acontece sempre em uma quinta-feira, em alusão à Quinta-feira Santa, quando na Última Ceia se deu a instituição deste sacramento.

A celebração contou com a participação de centenas de fiéis, entre os quais religiosos e religiosas. Após a Missa, o Arcebispo conduziu o Santíssimo Sacramento em procissão pelas ruas do centro histórico de Olinda.

Durante o percurso, o arcebispo concedeu a Bênção do Santíssimo em três locais: em frente ao Museu de Artes Sacras de Pernambuco, no Convento das Dorotéias e na Igreja da Misericórdia.

A fanfarra dos Arautos do Evangelho acompanhou o percurso tocando hinos em louvou ao Santíssimo Sacramento.

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Solenidade de Pentecostes

   Como outras tantas festas litúrgicas, Pentecostes nos faz recordar um dos grandes mistérios da fundação da Igreja por Jesus. Encontrava-se ela em estado ainda quase embrionário — alegoricamente, poder-se-ia compará-la a uma menina de tenra idade — reunida em torno da Mãe de Cristo. Ali no Cenáculo, conforme nos descrevem os Atos dos Apóstolos na primeira leitura (At 2, 1-11), passaram-se fenômenos místicos de excelsa magnitude, acompanhados de manifestações sensíveis de ordem natural: ruído como de um vento impetuoso, línguas de fogo, os discípulos exprimindo-se em línguas diversas sem tê-las antes aprendido.

   Enquanto figura exponencial, destaca-se Maria Santíssima, predestinada desde toda a eternidade a ser Mãe de Deus. Dir-se-ia que havia atingido a plenitude máxima de todas as graças e dons; entretanto, em Pentecostes, mais e mais Lhe seria concedido. Assim como fora eleita para o insuperável dom da maternidade divina, cabia-Lhe agora o tornar-Se Mãe do Corpo Místico de Cristo e, tal qual se deu na Encarnação do Verbo, desceu sobre Ela o Espírito Santo, por meio de uma nova e riquíssima efusão de graças, a fim de adorná-La com virtudes e dons próprios e proclamá-La “Mãe da Igreja”.

   Em seguida estão os Apóstolos; constituem eles a primeira escola de arautos do Evangelho. Observavam as condições essenciais para estarem aptos à alta missão que lhes destinara o Divino Mestre, conforme nos relata a Escritura: “Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, Mãe de Jesus, e os irmãos d’Ele” (At 1, 14).

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-Se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.

   Qual seria o lugar onde estavam reunidos, não se sabe com exatidão. A hipótese mais provável recai sobre o Cenáculo.

   Outro particular interessante. Ele poderia ter preferido saudá-los logo à entrada, no entanto caminhou entre eles e foi colocar-Se bem ao centro. Esse deve ser sempre o posto de Jesus em todas as nossas atividades, preocupações e necessidades.

   Sua saudação também nos chama especialmente a atenção: “A paz esteja convosco”.

   Jesus, desejando-lhes a paz, oferecia-lhes um dos principais frutos desse Amor infinito que é o Espírito Santo.

Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.

   Por esta atitude do Senhor podemos bem avaliar o quanto o pavor havia penetrado na alma de todos, apesar de ouvirem a voz do Divino Mestre desejando-lhes a paz.

   Por isso tornou-se indispensável mostrar-lhes aquelas mãos que tanto haviam curado cegos, surdos, leprosos e inúmeras outras enfermidades, mãos que talvez eles mesmos tivessem, a seu tempo, osculado.

   Outra nota de bondade consiste no fato de Ele ter velado o esplendor de seu Corpo glorioso, caso contrário a natureza humanados Apóstolos não teria suportado o fulgor da majestade do Homem-Deus ressurrecto.

Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai Me enviou, também Eu vos envio”.

   Jesus Se dirige aos séculos futuros e, portanto, à própria era na qual vivemos. Também a nós Ele nos repete o mesmo desejo de paz formulado aos Apóstolos naquele momento, em especial à nossa civilização que tem suas raízes em Cristo — Rei, Profeta e Sacerdote —, cuja entrada neste mundo fez-se sob o belo cântico dos Anjos: “na Terra paz” (Lc 2, 14). Não foi outro o dom por Ele oferecido antes de morrer na Cruz, ao despedir-se: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz” (Jo 14, 27). Contudo, a humanidade hoje se suicida em guerras, terrorismos e revoluções. E qual a causa? Não queremos aceitar a paz de Cristo.

   A paz deve ser a condição normal e corrente para o bom relacionamento social, sobretudo na célula mater da sociedade, a família. Eis um dos grandes males de nossos dias: a autoridade paterna se autodestruiu, a sujeição amorosa da mãe se evanesceu e a obediência dos filhos foi carcomida pelo capricho, desrespeito e revolta. Essas enfermidades morais, transpostas para a vida da sociedade, redundam em luta civil, de classes e até mesmo entre os povos.

   Após esse segundo voto de paz, Jesus envia seus discípulos à ação, tornando claro o quanto é necessário jamais se deixar tomar pelo afã dos afazeres, perdendo a serenidade. Um dos elementos essenciais para o apostolado bem sucedido é a paz de alma de quem o faz.

E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo”.

   A descida do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos se deu depois da subida de Jesus ao Céu e talvez daí decorre o fato de alguns negarem a realidade do grande mistério operado por Ele na ocasião, narrada no versículo em análise. Esse erro, mais explícito no começo do século VI, foi solenemente condenado pela Igreja no V Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 552: “Se alguém defende o ímpio Teodoro de Mopsuéstia, que diz […] que depois da Ressurreição, quando o Senhor soprou sobre os seus discípulos, dizendo: ‘Recebei o Espírito Santo’ (Jo 20, 22), não lhes deu o Espírito Santo, mas soprou só a modo de figura […], seja anátema”.

   No Evangelho de João essa doação do Espírito Santo tem em vista a faculdade de perdoar os pecados:

“A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes eles lhes serão retidos”.

   Que grande dom concedido aos mortais por meio dos sacerdotes: o perdão dos pecados! E que imensa responsabilidade a de um Ministro de Deus! Dele diz São João Crisóstomo: “Se o sacerdote tiver conduzido bem sua própria vida, mas não tiver cuidado com diligência da dos outros, condenar-se-á com os réprobos”.

   Quanto se fala de paz, hoje em dia, e quanto se vive no extremo oposto dela! O interior dos corações se encontra penetrado de tédio, apreensão, medo, desânimo e frustração, quando não de orgulho, sensualidade e falta de pudor. A instituição da família vai se tornando uma peça de antiquário. A ânsia de obter, não importa por que meio, sem levarem conta o direito alheio, vai caracterizando todas as nações dos últimos tempos. Em síntese, não há paz individual, nem familiar, nem no interior das nações.

   Eis porque nossos olhos devem voltar-se à Rainha da Paz a fim de rogar sua poderosa intercessão para que seu Divino Filho nos envie uma nova Pentecostes e seja, assim, renovada a face da Terra, como melhor solução para o grande caos contemporâneo.

 Obra consultada:  DIAS, João S. Clá, O Inédito sobre os Evangelhos Vol I, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano, 2013

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Encerramento do Mês Mariano em Rio Doce

31 de Maio de 2014

Maio, “é um mês em que, nos templos e entre as paredes domésticas, sobe dos corações dos cristãos até Maria a homenagem mais ardente e afetuosa da prece e da veneração. E é também o mês em que mais copiosos e mais abundantes descem até nós, do seu trono, os dons da misericórdia divina”. (Paulo VI, Carta Encíclica “Mense Maio”)

Na festa da visitação de Nossa Senhora, encerramento do mês mariano, as paróquias da Assunção de Maria e de São Francisco no bairro de Rio Doce, Olinda, uniram-se para implorarem à Mãe de Deus estes dons.

Após uma caminhada pelas principais ruas do bairro os fiéis puderam participar da Celebração Eucarística no ginásio da Vila Olímpica presidida pelo Pe. Celio Casale, EP (superior da casa dos Arautos em Recife) e concelebrada pelos Reverendíssimos Padres Marcos Antônio da Silva e Manoel Messias Laurindo dos Santos, respectivamente Administradores paroquiais das paróquias da Assunção de Maria e São Francisco.

Os Arautos do Evangelho portaram a imagem peregrina do Imaculado Coração de Maria que foi entronizada no início da celebração e solenemente coroada pelos dois administradores Paroquiais. Após a Missa todos os fiéis puderam aproximar-se da imagem da Virgem. É necessário que os exercícios de piedade com que os fiéis exprimem a sua veneração para com a Mãe do Senhor, manifestem de modo mais claro o lugar que ela ocupa na Igreja: “depois de Cristo, o mais alto e o mais perto de nós”. (Paulo VI, Exortação Apostólica, “Marialis Cultus”)

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Os dias entre a ressurreição e a ascensão do Senhor

 

Caríssimos filhos, os dias entre a ressurreição e a ascensão do Senhor não foram passados na ociosidade. Pelo contrário, neles se confirmaram grandes sacramentos, grandes mistérios foram neles revelados.

No decurso destes dias foi afastado o medo da morte cruel e proclamada a imortalidade não apenas da alma mas também do corpo. Nestes dias, mediante o sopro do Senhor, todos os apóstolos receberam o Espírito Santo; nestes dias foi confiado ao apóstolo Pedro, mais que a todos os outros, o cuidado do rebanho do Senhor, depois de ter recebido as chaves do reino.

Durante esses dias, o Senhor juntou-se, como um terceiro companheiro, a dois discípulos em viagem, e para dissipar as sombras de nossas dúvidas repreendeu a lentidão de espírito desses homens cheios de medo e pavor. Seus corações, por ele iluminados, receberam a chama da fé; e à medida que o Senhor ia lhes explicando as Escrituras, foram se convertendo de indecisos que eram em ardorosos. E mais: ao partir o pão, quando estavam sentados com ele à mesa, abriram-se-lhes os olhos. Abriram-se os olhos dos dois discípulos, como os dos nossos primeiros pais. Mas quão mais felizes foram os olhos dos dois discípulos ante a glorificação da própria natureza, manifestada em Cristo, do que os olhos de nossos primeiros pais ante a vergonha da própria prevaricação!

Durante todo esse tempo, caríssimos filhos, passado entre a ressurreição e a ascensão do Senhor, a providência de Deus esforçou-se por ensinar e insinuar não apenas aos olhos mas também aos corações dos seus que a ressurreição do Senhor Jesus Cristo era tão real como o seu nascimento, paixão e morte.

Os santos apóstolos e todos os discípulos ficaram muito perturbados com a tragédia da cruz e hesitavam em acreditar na ressurreição. De tal modo eles foram fortalecidos pela evidência da verdade que, quando o Senhor subiu aos céus, não experimentaram tristeza alguma, mas, pelo contrário, encheram-se de grande alegria.

Na verdade, era grande e indizível o motivo de sua alegria: diante daquela santa multidão, contemplavam a natureza humana que subia a uma dignidade superior à de todas as criaturas celestes, ultrapassando até mesmo as hierarquias dos anjos e a altura sublime dos arcanjos. Deste modo, foi recebida junto do eterno Pai, que a associou ao trono de sua glória, depois de tê-la unido na pessoa do Filho à sua própria natureza divina (dos Sermões de São Leão Magno, papa. Sermo 1 de Ascensione, 2-4: PL 54,395-396).

 

(Extraído do Ofício da Leituras de quarta-feira da 6ª semana da Páscoa)

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