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Retiro de Carnaval

Retiro de Carnaval (1° a 5 de Março)

Nestes dias de Carnaval os jovens participantes do Projeto Futuro & Vida puderam viver dias inesquecíveis, pois os Arautos do Evangelho promoveram um Retiro em Aldeia.

Os cinco dias que passamos juntos foram repletos de graças especiais que são enviadas pela Santa Mãe de Deus àqueles que se reúnem sob a sua proteção.

Esse encontro foi marcado por uma sequência de exposições, especialmente preparadas para as novas gerações, sobre a Santa Missa. Ministradas pelo Pe. Louis Goyard EP, secretário geral da Sociedade de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli e professor do ITTA (Instituto Teológico São Tomás de Aquino) as reuniões explicaram a história da Missa, seus diversos e belíssimos simbolismos. E como para valorizar mais algo é necessário conhecer mais sobre esse algo, com esse estudo todos puderam cresceram na devoção a essa oração.

Por exemplo alguns desses simbolismos que encantaram a todos foram o “Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo” e todos respondem “tende piedade de nós” e assim repetem três vezes ( sendo que a última resposta é “dai-nos a paz”). A resposta remete à passagem da escritura em que um cego, no meio da multidão que envolvia o Redentor, gritava: “Jesus filho de Davi tende piedade de mim” e o simbolismo é que assim como o cego não via a Nosso Senhor, nós também não o vemos, pois ele se oculta nas espécies eucarísticas, mas pedimos piedade para um dia o ver.

Outro símbolo que a Santa Madre Igreja em sua sabedoria ­inseriu na missa e que representa o próprio Cristo são o altar, o ambão e a sede. Mas o que esses elementos têm a ver com o Salvador? O altar representa Nosso Senhor enquanto sacerdote, ou seja, aquele que oferece o sacrifício, e esse sacrifício não é, senão, ele mesmo. Já o ambão nos lembra Nosso Senhor como aquele mestre com “M” maiúsculo, que ensinava às multidões e até hoje suas lições chegam aos nossos ouvidos e aos nossos corações. O terceiro elemento é a sede que nos lembra um trono, e que apresenta o Divino Redentor como o rei de toda a criação, aquele que governa todo o universo.

Além de toda a formação doutrinária, orações, adorações ao Santíssimo Sacramento e Santas Missas, os rapazes participaram de diversos jogos onde puderam gastar suas abundantes energias e exercitar seu espírito de equipe.

O último dia apesar de ser o início da quaresma foi de uma singela alegria, um pequeno oratório de Nossa Senhora de Fátima foi dado pelas mãos do Pe. Louis, como lembrança das graças recebidas nestes dias. E concluindo o Retiro, foi celebrada na Sede dos Arautos do Evangelho a Missa de Quarta-feira de Cinzas, que nos introduziu no recolhido espírito quaresmal.

 

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O Ato Penitencial

   Em todas as missas, logo no início, nos reconhecemos pecadores e pedimos perdão a Deus. Meditemos neste pedido que, quantas e quantas vezes fazemos maquinalmente em nosso ato penitencial!

   Senhor, tende piedade de nós! É o grito dos dez leprosos quando se encontram com o Salvador . Todos nós somos chagados pela lepra do pecado, somos estropiados e cegos… Mostremos então ao Mestre, já no início da missa, as nossas chagas. Façamos como os pobres mendigos que apresentam suas misérias à beira do caminho em dias de romaria… Senhor, tende piedade de nós!

   Mais ainda! Mostremos a Deus Pai as cinco chagas de Cristo, serão elas nossa bandeira de glória. Que tesouro são essas cinco chagas! Foram abertas por nosso amor, por amor de ti, meu irmão, quem quer que sejas. Elas valem muito mais que todos os tesouros do mundo. Santo Agostinho nos diz que elas foram abertas para que nós, pecadores, pudéssemos entrar e aí repousar dos trabalhos do nosso prolongado exílio. Essas chagas são um oásis neste deserto e uma luz nas trevas deste mundo.

   Jesus se fez hóstia por que nos ama. Hóstia tão grande que uniu a terra e o céu… e ao mesmo tempo, hóstia tão pequenina que cabe na mão do celebrante… e nós deixamos Ele só em seu calvário, e não queremos nos imolar com ele! Senhor, tende piedade de nós!

  Ficamos espantados quando os dois discípulos de Emaús, encontrando o Mestre pelo caminho não o tenham reconhecido. E nós? Quantas vezes desconhecemos ou até negamos ao Senhor em certas contrariedades que diariamente nos aparecem? Senhor, tende piedade de nós!

   O Senhor uniu-se talvez misticamente às nossas almas, numa união comparável, mais muito superior à dos esposos. Ele nos chamou para si, nos atraiu até seu Divino Coração para que fossemos um com Ele. E nós andamos para outros caminhos, a procura de outras uniões, e prendemos o nosso coração a mil outras coisas! Cristo, tende piedade de nós!

   As vezes o sacerdote sente-se confundido ao subir ao altar! É que ele foi elevado à “mais alta dignidade da terra” e vive talvez bem perto das sombras da morte, ou quem sabe, talvez, dentro delas… E ao ver as suas sombras, ao ver que é todo sombra, não pode deixar de repetir como os dez leprosos: Cristo, tende piedade de nós!

   E tu, meu irmão, sentando em teu lugar na missa e que daqui a pouco estará diante do Cristo na Eucaristia e que és todo sombra também, não sentes o mesmo anseio de repetir este pedido? Cristo, tende piedade de nós!

   Sabes bem que todos nós somos membros do Corpo Místico de Cristo. Todos os homens são irmãos em Cristo. Ferir um dos nossos irmãos é ferir o próprio Cristo. Se a cada dia lembrássemos disso, quantas faltas de caridade poderiam ser evitadas?!

   Devemos rezar por todos, sem exceção. Ah! Se nós tivéssemos fé no valor da oração, mas uma fé verdadeira, viva, uma fé cega para todas as inconstâncias e vaidades deste e pronta para combater todas as desconfianças… Mas não. Somos homens de pouca fé. Reconheçamos isso para pedir ao Senhor que aumente nossa fé. Depois digamos, Senhor, tende piedade de nós!

   Meu irmão, dos dez leprosos curados, apenas um apareceu para agradecer! Pois bem, os outros nove, somos nós, somos os ingratos! Deus nos concede um alma em graça, vida pura, nos faz templos do Espirito Santo, mas trazemos esse tesouro em vasos  de barro, frágeis.

Que o reconhecimento de tantos dons e o temor de perder tudo nos faça pedir todos os dias, Senhor, tende piedade de nós.

   A humilde confissão da nossa insuficiência, das nossas faltas, glorifica imensamente a Deus, exalta a sua Onipotência, a sua Santidade. Reconhecer a própria baixeza e subir. Os joelhos que se curvam para a terra fazem com que Deus desça do céu. Digamos pois com o sacerdote: Senhor, tende piedade de nós!

CONVITE

Obra consultada:

A Missa e a Vida Interior, Artigos publicados na “Opus Dei” por D. Bernardo de Vasconcelos”, Edição da Opus Dei, Braga, 1936.

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29º Domingo do Tempo Comum

19 de Outubro de 2013

Certo dia, Santa Joana de Chantal perguntou a São Francisco de Sales: “Poderia dizer-me francamente em que momento o senhor pensa em Deus?” O bispo de Genebra respondeu: “Sempre! Porém, as vezes passo um quinze minutos sem pensar nele.” Diante da resposta, a santa exclamou ingenuamente: “Ah! Pobre senhor bispos! O senhor anda muito cansado. Devemos pensar continuamente em Deus!”

O bondoso santo então explicou: “A senhora nunca viu um menino colhendo frutas com a mão direita, enquanto a esquerda está segurando, tranqüiliamente a de seu pai? Fazemos sempre assim. Com uma mão trabalhamos e com a outra não soutamos nunca a Deus!”

A certeza de sempre está ligado a Deus por uma das mãos nos vem através da oração. O papa Pio XII já dizia: “Rezar, rezar, rezar. A oração é a chave dos tesouros de Deus, é a arma do combate e da vitória em todas as lutas em defesa do bem e contra o mal”. E continuava: “Mais que todas as obras externas, por belas e úteis que sejam, é necessária a oração intensa e contínua das almas para obter da misericórdia onipotente de Deus as graças”.

Mons. João Clá Dias, em seu “O Inédito sobre os Evangelhos” nos mostra a necessidade da oração insistente  para hoje e para a segunda vinda do Supremo Juiz. 

“Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens”.

De que juiz se trata e qual a cidade em que ele vivia? Não se sabe. Na realidade, em seu modo de agir ele representa uma clara personificação do ateísmo prático já comum naqueles tempos, se bem que não tão difuso como nos dias atuais. Provavelmente ele praticava a religião com exclusão do Primeiro Mandamento da Lei de Deus.

 “Havia também na mesma cidade uma viúva, que ia ter com ele, dizendo: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário’”

 Nessa mesma cidade havia uma viúva. Será um modelo insuperável de obstinação nesse particular. Esse é, bem provavelmente, o caso da presente parábola. A viúva deve ter saturado o juiz com suas inúmeras visitas, implorando-lhe, a cada vez, justiça contra seu adversário.

“Ele, durante muito tempo não a quis atender”

Não nos são desconhecidas as demoras processuais em nosso Ocidente latino. Mas, nos povos orientais, naqueles tempos, asintérminas esperas faziam guerra às mais robustas paciências.

“Mas, depois disse consigo: ‘Ainda que eu não tema a Deus nem respeite os homens, todavia, visto que esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, para que não venha continuamente importunar-me’”.

O motivo que o levou a tomar tal decisão não foi nada nobre, nem elegante, mas a viúva não se acanhou e nem se deixou tomar pelo respeito humano; seu único empenho era de obter um justo pronunciamento. Em vista de sua fácil compreensão, Jesus passa diretamente à aplicação.

Então o Senhor acrescentou: “Ouvi o que diz este juiz iníquo. E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite, e tardará em socorrê-los?”

O contraste é um ótimo instrumento de didática. Jesus se serve das reações de um julgador iníquo face à obstinada insistência da fragilidade feminina, para compará-las às atitudes do Supremo Juiz. Se um homem mau pratica uma boa ação para deixar de ser importunado, quanto mais não fará Deus, a Bondade em essência? Muito diferentemente da parábola, na aplicação trata-se do Verdadeiro Juiz, o qual é a própria Dadivosidade.

Por outro lado, quem pede não é uma importuna viúva, mas sim os escolhidos de Deus. Estes não são indesejáveis. Ao contrário, a eles cabem os títulos de “privilegiados”, “amigos” e “fiéis”. Jesus focaliza de maneira especial os escolhidos, neste versículo. Quem são eles? Aqueles que amam e temem a Deus, seus servidores, os quais vivem no estado de graça, lastimam-se de suas fraquezas e se penitenciam de suas faltas, purificando-se no divino perdão.

“Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Mas quando vier o Filho do Homem, porventura encontrará fé sobre a Terra?”

Esta frase causou uma certa dificuldade de interpretação a numerosos exegetas. A essa pergunta feita pelo próprio Jesus: “encontrará fé sobre a Terra?”, não nos deixou Ele resposta alguma. Seus ouvintes devem ter saído pensativos à busca de elementos para melhor entender seu significado, e um tanto estimulados a fazerem um exame de consciência. Erroneamente julgaríamos ser essa pergunta dirigida apenas aos circunstantes. Ela nos atinge também a nós, ao lermos o Evangelho de hoje. Se Jesus viesse a nós na época atual, encontraria Ele fé sobre a face da Terra?

 “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26, 41), disse Nosso Senhor. Faltava uma palavra de incentivo à oração. Daí a “parábola para mostrar que importa rezar sempre e não cessar de o fazer”. Esse sempre não significa que devemos rezar a cada segundo das vinte e quatro horas do dia, mas torna-se indispensável manter uma continuidade moral, uma incansável frequência na oração. Também pode ser sinônimo de “vida inteira”. “Não cessar de o fazer”, apesar dos atrasos em ser atendido, enfrentando ou não obstáculos, na saúde ou na enfermidade, na consolação ou na aridez.

Não julguemos tratar-se aqui de um simples conselho de Jesus. Não! É um preceito, uma obrigação, ninguém pode se dispensar da oração. E quanto mais se sobe na vida interior, maior será o dever e constância da prece. (…) conforme determina o Concílio de Trento: “Deus não manda impossíveis; e ao mandar-nos uma coisa, determina-nos fazer o que podemos e pedir-Lhe o que não podemos, bem como ajuda para poder”.

É preciso importuná-Lo! Ele assim o exige. Ainda mais, é preciso ser incessante e fazer-Lhe uma espécie de “pressão moral”, sem nos cansarmos.

A contínua oração dos eleitos, em meio às dificuldades clamando a seu Pai, é infalível! Lembremo-nos do maternal conselho de Maria: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2, 5). Com essas palavras, Ela nos confirma ainda mais, ao encerrarmos os comentários ao Evangelho de hoje, o quanto é indispensável rezar sempre.

Obras Consultadas:
DIAS, João S. Clá, O Inédito sobre os Evangelho, Libreria Editrice Vaticana
Città del Vaticano, 2012, pag 401 – 413
ORIA, Mons. Angel Herrera, VERBUM VITAE – La Palavra de Cristo, Vol IV, BAC, Madrid, 1954

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Conselhos e Lembranças – I

A Irmã Genoveva da Santa Face (Celina, irmã de Santa Teresinha) – com o intuito de enriquecer ainda mais o processo de canonização da Santa de Lisieux recolheu inúmeros depoimentos de noviças que a conheceram. Este conjunto de narrativas, várias vezes, aparece em edições de “História de uma Alma” em forma de apêndice.

Iniciamos hoje uma “Semana Teresiana” onde – a cada dia – deixaremos ao leitor um desses “Conselhos e Lembranças”.

Sobre a Oração

Toda sua vida passou-a na pura fé. Não havia alma menos consolada na oração. Confiou-me que passava sete anos na aridez: seus retiros anuais, os retiros do mês eram-lhe um suplício. Entretanto, tê-la-iam julgado inundada de consolações espirituais, tão grande era a unção de suas palavras e de seus escritos, tão unida a Deus estava ela!

Apesar desse estado de secura, era ainda mais assídua à oração, “satisfeita de dar mais ao bom Deus por esse meio”. Não suportava que se roubasse um só instante a esse santo exercício e formava suas noviças nesse sentido. Um dia em que a Comunidade estava ocupada na lavagem de roupa, soou o sino para a oração e foi ainda preciso continuar o trabalho. Irmã Tereza que me observava trabalhando com ardor, perguntou: “Que estais fazendo? – Eu lavo, respondi. – Está bem, mas interiormente, deveis fazer oração, este tempo é do bom Deus, não temos direito de tomá-lo.”

A união de Irmã Teresa com Deus era simples e natural, bem como sua maneira de falar Dele. Perguntando-lhe se perdia as vezes a presença de Deus, respondeu-me simplesmente: “Oh! não, creio que nunca fiquei três minutos sem pensar em Deus.” Mostrei-me admirada por ser possível uma tal aplicação. “Pensa-se naturalmente em quem se ama”, replicou.

No princípio de sua vida religiosa, quando eu estava ainda no mundo, aconselhou-me a comprar a obra de Mons. Ségur sobre nossas “Grandezas” em Jesus. Contudo, se meditava suas “grandezas” em Jesus, era o conhecimento de sua “pequenez” que gostava sobretudo de aprofundar, a ponto de confessar “preferir as luzes sobre seu nada às luzes sobre a fé.”

Nessa época e mesmo mais tarde ela saboreava particularmente as obras de São João da Cruz. Quando juntei-me a ela no Mosteiro, fui testemunha de seu entusiasmo diante do gráfico de nosso Santo Pai, na “Subida do Monte Carmelo”; deteve-se e fez-me notar o parágrafo seguinte: “Aqui não há mais caminho, porque não há lei para o justo”. Então, emocionada, faltava-lhe a respiração ao traduzir sua felicidade. Esta palavra auxiliou-me muito a fazer-se independente nas explorações do puro amor taxadas por muitos de presunção. Excitou sua ousadia em procurar atingir uma via completamente nova, a da Infância espiritual, que deixa de ser uma via, tão reta e curta ela é, atingindo de um só jato o Coração de Deus. Creio que todas as suas orações visavam unicamente esta procura da “ciência do amor.”

Sobre a recitação do Ofício Divino

Sua atitude no coro, tão modesta e recolhida, edificava-me a ponto de lhe perguntar em que pensava durante a recitação do Ofício divino. Respondeu-me que “não tinha método fixo; imaginava-se muitas vezes sobre um rochedo diante da imensidão, e lá sozinha com Jesus, tendo a terra a seus pés, esquecia todas as criaturas e repetia-Lhe seu amor, com palavras que não compreendia, é verdade, mas que lhe bastava saber que isso dava prazer a Jesus”.

Gostava de ser hebdomadária (A religiosa designada cada semana para desempenhar na recitação coral do Ofício divino o papel do sacerdote oficiante), para dizer em voz alta a Oração como os sacerdotes na Missa.

Em seu leito de morte deu este testemunho: “Creio que não é possível ter maior desejo do que tive, de rezar bem o Ofício e de não cometer faltas em sua recitação”.

Fonte: “Conselhos e Lembranças”, recolhidos por Irmã Genoveva da Santa Face, Irmã e Noviça de Santa Teresa do Menino Jesus, e traduzidos pelas carmelitas descalças do Mosteiro do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha – Cotia – São Paulo – 1955, pg 90-91
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