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Cantata Natalina 2014

21 de Dezembro de 2014

    “Tão pequenino Deus se faz, e quer trazer aos homens grande paz. A nós seus filhos ele vem. Imensa compaixão! Para morarmos em seu Coração”.

     Foi com esta canção que se iniciou a Cantata Natalina dos Arautos do Evangelho de Recife em 2014.

    Após a Celebração Eucarística, mais de 700 pessoas presentes neste evento puderam passear e se deleitar com os mais diversos cânticos e harmonias que foram executadas nessa noite. Melodias tradicionais dos mais diversos países.

    Para finalizar a apresentação com “chave de ouro”, as crianças do Apostolado Infantil entronizaram o Menino Jesus, oferecendo ao público um momento de encontro com o Salvador do Mundo que está para chegar.

    Rezemos para que realmente o Menino Deus venha até nós, seus filhos, para que possamos morar em seu imenso coração!

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Antífonas do Ó – V

Antífona de 21 de Dezembro

   O Oriens splendor lucis æternæ, et sol justitiæ Veni et illumina sedentes in tenebris et umbra mortis.

   Ó Emanuel, sois nosso Rei e Orientador: vinde salvar-nos, ó Senhor e nosso Deus!

E o Menino chora

   O Menino chora na estreiteza do estábulo. Por que choras, Menino bom? Estará aqui presente algum grande pecador que trema quando Deus lhe disser: – “Onde estás?”? Que grande mal tê-lo ofendido muito, lembrar-se de vinte anos de grandes ofensas! Que resposta darás quando Deus te interpelar?

Assim como tu tremes, tremiam os irmãos de José quando este lhes disse: Eu sou José, vosso irmão, que vós vendestes (Gên 45,4). E eles pensaram: “Infelizes de nós! Ele agora é Rei. Há de querer matar-nos, tem motivos e pode fazê-lo”. Tremiam. É o pecador que treme por ter ofendido a Deus. Ofendestes a Deus e por isso tendes razão em tremer. Convido os que estão no erro, os que tem a consciência pesada e os grandes pecadores a ir até à manjedoura ver o Menino chorar.

   Por que choras, Senhor? Os irmãos daquele José não ousavam aproximar-se dele, até que o viram chorar: Eu sou vosso irmão, aproximai-vos, não tenhais medo. José levanta a voz, chora e, não contente com isso, conforme a Sagrada Escritura, beijou em seguida cada um dos seus irmãos, chorando com todos eles (Gên 45,15), e os irmãos pediram-lhe perdão.

Estou chorando por ti

   – Não tenhais receio (Gên 45,5) – dizia-lhes ele – , “vendeste-me por maldade, mas, se eu não tivesse vindo para cá, todos morreriam de fome. Deus tira dos males o bem”.

   Menino, por que chorais? – “Para que os pecadores compreendam que, embora tenham pecado, devem aproximar-se de Mim sem temor, se se arrependerem de ter-Me ofendido”. O Menino chora de ternura e de amor. Bendito Menino! Quem Vos colocou nessa manjedoura senão o amor que tendes por mim? Fomos maus e ingratos, como contra o nosso irmão José. Vendemo-lo. Um disse: – “Prefiro cometer uma maldade a ficar com Cristo”. Outro disse: – “Prefiro um prazer da carne a Ele”. Vendemos nosso irmão, traímo-lo.

 

   E José, o santo, convida-nos a aproximar-nos da manjedoura e a ouvir esse choro causado por cada um de nós. Se olhásseis para esse Menino com os olhos limpos, se adentrásseis na sua alma, encontraríeis uma inscrição que vos diria: “Estou chorando por ti”, pois desde a concepção Ele teve conhecimento divino e conhecia todos os nossos pecados e chorava por eles. E se está chorando pelos nossos pecados, que pecador não sentirá confiança, se quiser corrigir-se? Há algo no mundo que inspire mais confiança do que ver Cristo numa manjedoura, chorando pelos nossos pecados.

   Por que chorais? Que fazeis, Senhor? – “Começo a fazer penitência pelo que tu fizeste”. Pois bem, que fará um cristão que olhe com olhos de fé para cristo que chora pelos seus pecados? Ai de mim, porque tarde Vos conheci, Senhor! Ai de mim por tantos anos perdidos sem Vos conhecer! Quem se deixará dominar pela tibieza ao ver Deus humanado chorar?

   Se, estando o sol no céu, não o suportamos durante o verão, que aconteceria se ele descesse à terra?

   Se, estando outrora lá em cima, o Sol abrasava, o que não será agora que desceu e se colocou numa manjedoura, e passa frio…e, quanto mais frio passa, mais eu me aqueço; e quando mais incômodos sofre, mais eu descanso; e quanto mais Te vejo padecer por mim, Senhor, mais acredito que me amas!… Dou-Vos graças por terdes nascido. Dou-Vos graças por terdes preferido uma manjedoura!

Fonte: O presente texto foi extraído do livro, O Mistério do Natal – São João de Ávila, Editora Quadrante, São Paulo, 1998

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Antífonas do Ó – IV

Antífona de 20 de Dezembro

   O Clavis David et sceptrum domus Israel: qui aperis, et nemo claudit; claudis et nemo aperit: Veni, et educ vinctum de domo carceris, sedentem in tenebris et umbra mortis

   O Chave de Davi, que abre as portas do Reino eterno; oh vinde e livrai do cárcere o preso, sentado nas trevas.

Devemos fechar nossa porta para os pecados

 

   O nome de Jesus Cristo é o Desejado de todos os povos. Antes de ter vindo, fora desejado por todos os patriarcas e profetas; todos suspiravam: “Senhor, vede como Vos desejamos, vinde remediar-nos!” Fora desejado pela Santíssima Virgem e por todos. Ditosos os que Vos esperam, diz Isaías (30,18). Irmãos, se nessa semana vierem bater-vos à porta os pecados, não os recebais. Dizei-lhes: – “Saí daqui porque estou esperando um hóspede”. Quem está a espera de Deus colocou um grande freio na sua boca e nas suas obras. O que tens de fazer é suspirar por Deus: – “Senhor, só Tu és o meu bem e o meu descanso; falte-me tudo, mas não me faltes Tu; perca-se tudo, mas não Te perca a Ti! Ainda que queiras tirar-me tudo o que me queres dar, se me der a Ti, pouco me importa que me falte tudo”.

Cada um de nós temos um estábulo

   Confessai-vos, dai esmolas, desejai a Deus, suspirai por Ele de coração: – “Meu Deus, dentro da minha fraqueza, preparei-Vos a minha pobre casinha e estábulo; não desprezeis os lugares miseráveis, como não desprezastes o presépio e o patíbulo”. Ele quis nascer num estábulo para que, embora eu tenha sido mau e meu coração estábulo de pecados, confie em que não haverá de menosprezar-me. Senhor, embora eu tenha sido mau, preparei-me o melhor que puder; digo-vos cheio de vergonha: – “O meu estábulo está preparado; vinde, Senhor, que o estabulozinho está varrido e livre de pó.

A Mansidão de Deus

   Tempo houve em que este Menino, que agora não fala, falou, e quem o ouvia afligia-se. O Menino que acaba de nascer é o mesmo que, quando Adão pecou, lhe disse: “Onde estás Adão? (cf Gên 3,9) E foi tão forte essa palavra que Adão se escondeu para não ouvi-la; foi tão terrível, que o expulsou do paraíso terrestre.

   Apareceu a benignidade e a humanidade de Deus, nosso Salvador (Tit 3,4). Essa humanidade significa mansidão, como diz o mesmo Apóstolo em outro trecho: Vou-me servir de uma linguagem humana (Rom 6,19). Significa, pois, que apareceu a mansidão de Deus. Bem aventurado dia em que apareceu a mansidão de Deus Pai e de Deus Filho e de Deus Espírito Santo: a carne de Cristo na terra!

E o menino não fala

   Menino bom, não falais? Para que tanto silêncio? O Menino cala-se para te dar a entender, pecadorzinho, que, embora tenhas cometido pecados, não te chamará à sua presença como fez com Adão, não te assustará nem te repreenderá. Encontrá-lo-ás tão mudo para repreender como agora para te falar.

   Haverá alguém mais fraco e incapaz de fazer o mal do que um menino? Desde quando uma criança de dias esbofeteou ou matou alguém? Não há nada que cause menos temor do que um recém-nascido. Pois este é o mistério que celebramos nesta festa, não como as pessoas mundanas, mas em espírito, como Ele próprio disse: como verdadeiros adoradores em espírito e verdade (cf. Jo 4,23).

   Esta é a Divindade que, sem armas, diz: – “Não te farei mal, pecador, aproxima-te de mim. Do mesmo modo que não deves fugir de uma criança não deves fugir da minha Divindade. E como no meu corpo vês mansidão, igualmente deves vê-la na minha Divindade” Esta é a grandeza de Deus: tal como aparece externamente, assim é interiormente, tão manso e tão misericordioso. Bendito seja esse Deus e bendita seja a sua misericórdia que a este dia nos deixou chegar, o dia da mansidão e da misericórdia de Deus.

Fonte: O presente texto foi extraído do livro, O Mistério do Natal – São João de Ávila, Editora Quadrante, São Paulo, 1998

 

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Um papai que não é Noel…

06 de Dezembro de 2013

A cada dia que passa paira um certa alegria, como que inexplicável, no coração dos jovens e adultos: é o Natal que se aproxima!

Luzes e cartazes coloridos enfeitam as ruas da cidade, as lojas estão repletas de pessoas. Entretanto, apesar deste turbilhão de informações se destaca uma figura singular, vestido de um modo diferente. Logo uma criança, com o nariz colado no vidro da janela do carro, exclama com seu característico tom de voz: “Olha mãe, é o Papai Noel”!

*          *          *

Como surgiu o Papai Noel, com sua barba branca, vestido para enfrentar neve em pleno calor de dezembro, principalmente por estas terras quentes do Nordeste brasileiro, descendo apressadamente pelas chaminés e distribuindo presentes?

Na realidade, o Papai Noel tão popular em nossos dias, não é senão uma representação do grande São Nicolau, cuja festa se comemora no dia 6 de dezembro. É também nesta data e não na noite de Natal quando era costume distribuir os presentes aos meninos, a fim de que as comemorações natalinas se centralizassem especialmente na Missa do Galo e a Ceia de Natal.

São Nicolau tornou-se órfão desde muito pequeno, herdando uma enorme fortuna de seus pais. A riqueza não lhe serviu para perdição, senão que foi ao contrário, um meio de praticar a virtude. Assim, por exemplo, quando São Nicolau soube que seu vizinho se encontrava na miséria, não podendo casar as suas três filhas, se compadeceu. Às escondidas, lançou durante a noite uma sacola cheia de dinheiro de sua janela para a do vizinho. Intrigado, este deu graças a Deus por poder com essa quantia, dotar a sua filha mais velha. Pouco tempo depois, o caso se repetiu e casava a segunda filha. Na terceira, o vizinho conseguiu descobrir o misterioso colaborador, a quem agradeceu comovido.

Assim se apresentava o santo:

Ele estava todo paramentado. Na mão direita trazia um báculo de ouro, e na esquerda um grande livro. Seu criado conduzia o trenó. Ao lado do criado encontrava-se um saco repleto até os bordos, e um grande bordão.

Chegando à casa, o Bispo mandava parar o trenó. O Criado tomava o saco e o bordão, e abatia à porta. O dono vinha recebê-los, com alegria e em atitude de grande respeito e veneração.

O alto porte do prelado, sua longa barba branca, a mitra e o báculo que trazia, tudo isso lhe conferia um ar de solenidade, que se entremeava com a afabilidade da fisionomia e a doçura do olhar. Ele sorria para as crianças, saudava aos da casa. Erguia depois as mãos traçando o sinal da cruz abençoando a todos.

O ancião dirigia-se às crianças com ternura. A uma pedia que cantasse uma canção de Natal. A outra que recitasse uma poesia. A terceira que rezasse uma oração.

Dando-se por satisfeito, o respeitável visitante abria então o grande livro – o “livro de couro”. Nele havia sido registrado, durante o ano, o comportamento das crianças. Após consultá-lo, o Bispo chamava uma por uma.

A algumas dava bolos, doces e frutas como presente: haviam sido bem comportadas. A outras, porém, sentava-as no joelho, e em tom afável, porém sério, repreendia o mau comportamento que tiveram. Faziam-nas prometer emenda. Caso contrário, no próximo ano mandaria seu criado aplicar-lhes com o bordão umas palmadas… As mais especialmente insubordinadas, ele ameaçava colocar dentro do saco e levá-las, caso não se corrigissem.

Assim, São Nicolau ia de casa em casa, dando bons conselhos, presentes… e também reprimendas. Nas casas em que ele não podia passar, deixava presentes nos sapatos postos do lado de fora da janela. A ninguém o santo esquecia.

Bons tempos aqueles em que vigorava essa tão bela tradição católica, que foi colher na hagiografia um grande santo, prelado respeitável, criando um ambiente favorável a premiar ou repreender as crianças.

Com a paganização dos costumes, infelizmente também essa tradição foi sendo deturpada ou esquecida. Em lugar de um venerável Bispo canonizado pela Igreja, surgiu uma figura laica, o Papai Noel, caricatura de São Nicolau. O aspecto didático e justiceiro da atitude deste perante as crianças – premiando umas e castigando outras – foi substituído pela indolência do velho de barbas brancas, vestido de vermelho, que deixa presentes em todos os sapatos, indiscriminadamente. Tal era o Papai Noel de ontem.

O Papai Noel de hoje decaiu ainda mais: tornou-se uma figura quase de circo para animar as vendas ou em programas de televisão para crianças, cujos brinquedos preferidos são monstros…

*          *          *

Caro leitor, não nos deixemos enganar pelos sensacionalismos do mundo moderno, apeguemo-nos a Jesus e a Maria, para assim chegarmos à glória celeste junto com todos os Anjos e Santos! Jamais troquemos a figura do Menino Deus pela de um “papai que não é noel”, pois a figura deste mundo passa, mas a Palavra de Deus permanece eternamente.

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