06 de Dezembro de 2013
A cada dia que passa paira um certa alegria, como que inexplicável, no coração dos jovens e adultos: é o Natal que se aproxima!
Luzes e cartazes coloridos enfeitam as ruas da cidade, as lojas estão repletas de pessoas. Entretanto, apesar deste turbilhão de informações se destaca uma figura singular, vestido de um modo diferente. Logo uma criança, com o nariz colado no vidro da janela do carro, exclama com seu característico tom de voz: “Olha mãe, é o Papai Noel”!
* * *
Como surgiu o Papai Noel, com sua barba branca, vestido para enfrentar neve em pleno calor de dezembro, principalmente por estas terras quentes do Nordeste brasileiro, descendo apressadamente pelas chaminés e distribuindo presentes?
Na realidade, o Papai Noel tão popular em nossos dias, não é senão uma representação do grande São Nicolau, cuja festa se comemora no dia 6 de dezembro. É também nesta data e não na noite de Natal quando era costume distribuir os presentes aos meninos, a fim de que as comemorações natalinas se centralizassem especialmente na Missa do Galo e a Ceia de Natal.
São Nicolau tornou-se órfão desde muito pequeno, herdando uma enorme fortuna de seus pais. A riqueza não lhe serviu para perdição, senão que foi ao contrário, um meio de praticar a virtude. Assim, por exemplo, quando São Nicolau soube que seu vizinho se encontrava na miséria, não podendo casar as suas três filhas, se compadeceu. Às escondidas, lançou durante a noite uma sacola cheia de dinheiro de sua janela para a do vizinho. Intrigado, este deu graças a Deus por poder com essa quantia, dotar a sua filha mais velha. Pouco tempo depois, o caso se repetiu e casava a segunda filha. Na terceira, o vizinho conseguiu descobrir o misterioso colaborador, a quem agradeceu comovido.
Assim se apresentava o santo:
Ele estava todo paramentado. Na mão direita trazia um báculo de ouro, e na esquerda um grande livro. Seu criado conduzia o trenó. Ao lado do criado encontrava-se um saco repleto até os bordos, e um grande bordão.
Chegando à casa, o Bispo mandava parar o trenó. O Criado tomava o saco e o bordão, e abatia à porta. O dono vinha recebê-los, com alegria e em atitude de grande respeito e veneração.
O alto porte do prelado, sua longa barba branca, a mitra e o báculo que trazia, tudo isso lhe conferia um ar de solenidade, que se entremeava com a afabilidade da fisionomia e a doçura do olhar. Ele sorria para as crianças, saudava aos da casa. Erguia depois as mãos traçando o sinal da cruz abençoando a todos.
O ancião dirigia-se às crianças com ternura. A uma pedia que cantasse uma canção de Natal. A outra que recitasse uma poesia. A terceira que rezasse uma oração.
Dando-se por satisfeito, o respeitável visitante abria então o grande livro – o “livro de couro”. Nele havia sido registrado, durante o ano, o comportamento das crianças. Após consultá-lo, o Bispo chamava uma por uma.
A algumas dava bolos, doces e frutas como presente: haviam sido bem comportadas. A outras, porém, sentava-as no joelho, e em tom afável, porém sério, repreendia o mau comportamento que tiveram. Faziam-nas prometer emenda. Caso contrário, no próximo ano mandaria seu criado aplicar-lhes com o bordão umas palmadas… As mais especialmente insubordinadas, ele ameaçava colocar dentro do saco e levá-las, caso não se corrigissem.
Assim, São Nicolau ia de casa em casa, dando bons conselhos, presentes… e também reprimendas. Nas casas em que ele não podia passar, deixava presentes nos sapatos postos do lado de fora da janela. A ninguém o santo esquecia.
Bons tempos aqueles em que vigorava essa tão bela tradição católica, que foi colher na hagiografia um grande santo, prelado respeitável, criando um ambiente favorável a premiar ou repreender as crianças.
Com a paganização dos costumes, infelizmente também essa tradição foi sendo deturpada ou esquecida. Em lugar de um venerável Bispo canonizado pela Igreja, surgiu uma figura laica, o Papai Noel, caricatura de São Nicolau. O aspecto didático e justiceiro da atitude deste perante as crianças – premiando umas e castigando outras – foi substituído pela indolência do velho de barbas brancas, vestido de vermelho, que deixa presentes em todos os sapatos, indiscriminadamente. Tal era o Papai Noel de ontem.
O Papai Noel de hoje decaiu ainda mais: tornou-se uma figura quase de circo para animar as vendas ou em programas de televisão para crianças, cujos brinquedos preferidos são monstros…
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Caro leitor, não nos deixemos enganar pelos sensacionalismos do mundo moderno, apeguemo-nos a Jesus e a Maria, para assim chegarmos à glória celeste junto com todos os Anjos e Santos! Jamais troquemos a figura do Menino Deus pela de um “papai que não é noel”, pois a figura deste mundo passa, mas a Palavra de Deus permanece eternamente.
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