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Natividade de Maria: a maravilhosa história

     Quanto não nos falta conhecer sobre tudo o que se passou na terra… Como não gostaríamos de conhecer em detalhes inúmeros fatos da vida de Jesus e de Maria dos quais os Evangelhos fazem apenas uma breve menção. Coisas tanto assombrosas como maravilhosas. Quanto não chegaremos a conhecer durante a eternidade?

       Sobre esta data tão especial – 8 de setembro – dia em que a Igreja comemora a Natividade da Virgem Maria, nada nos falam os Evangelhos. As Escrituras nos narram fatos maravilhosos acontecidos não apenas no nascimento do Salvador, mas também de outros varões providenciais, como por exemplo João Batista. Como terá sido o nascimento da Santíssima Virgem? Algumas almas privilegiadas, através de revelações particulares, puderam ter alguma ideia dos milagres que cercaram a Natividade de Maria. De modo especial, a Beata Anna Catharina Emmerich, destaca-se pela simplicidade e beleza de suas narrações.

Imaculada Menina Maria – Igreja de São João Batista – Cidade do México

      “Ao se completar os nove meses de gestação, percebendo que a hora estava chegando, Santa Anna comunica a São Joaquim e em seguida envia mensageiros para avisar da boa nova a suas parentas. Logo três primas chegam a casa deste santo casal e vão diretamente ao quarto de Anna mostrando sua alegria entre cânticos e hinos de louvor. Anna rezou como que em êxtase. Ela introduziu ao hino todos os símbolos proféticos de Maria. Disse: ‘A semente dada por Deus a Abraão completou-se em mim’. Ela falou da promessa dada a Sara no momento do nascimento de Isaac e disse: ‘A florescência da vara de Aarão aprimorou-se em mim’. Naquele momento ela estava envolta por uma luz; o quarto repleto de brilho e a escada de Jacó aparecendo em cima. As mulheres estavam completamente maravilhadas e repletas de júbilo. Quando a oração de boas-vindas terminou, as viajantes se revigoraram com uma refeição e depois foram deitar-se para descansar da viagem. Anna não foi para a cama, mas rezou; à meia noite acordou as outras mulheres para orarem com ela. Elas a seguiram até seu local de oração atrás de uma cortina.

      Santa Anna abriu as portas de um pequeno armário na parede que continha uma caixa com objetos sagrados. Neste recipiente continha uma mecha de cabelo de Sara, alguns ossos de José (trazidos por Moisés do Egito) e algo que pertencia a Tobias; havia também um pequeno e brilhante cálice em forma de pera do qual Abraão tinha bebido no momento em que havia sido abençoado pelo anjo.

      Anna ajoelhou diante do pequeno armário com uma das mulheres de cada lado e a terceira atrás dela. Recitou um outro hino, mencionando a sarça ardente de Moisés. Em seguida o quarto se encheu de luz sobrenatural que se tornou mais intensa à medida que rodeava a santa mãe. As mulheres caíram no chão espantadas. A luz ao redor de Anna tomou a exata forma da sarça ardente de Moisés no Horeb; já não se dava mais para ver Anna. A chama toda fluía para dentro; subitamente Anna recebeu a reluzente criança Maria em seus braços, envolveu-a em sua manta, pressionou-a de encontro ao seu coração e deitou-a no banquinho defronte às sagradas relíquias, ainda em oração. Ouviu-se a criança chorar. A feliz mãe retirou alguns panos debaixo do grande véu que a envolvia para ali envolver a criança primeiro com uma faixa cinza e uma vermelha em seguida atando seus braços e peito; a cabeça ficava exposta.

     As mulheres se levantaram e receberam, com grande espanto, a criança recém-nascida em seus braços, derramando lágrimas de alegria, unindo-se num hino de louvor. Santa Anna levantou sua criança para o alto como que fazendo uma oferta. Naquele momento o quarto se encheu de luz e vários anjos cantando Glória e Aleluia. Também pronunciaram que a partir do vigésimo dia a criança deveria ser chamada de Maria.

      Anna foi para seu dormitório onde deitou-se em sua cama. As mulheres neste meio tempo desenrolaram a criança, banharam-na e enfaixaram-na novamente. Depois a deitaram ao lado de sua mãe. Havia uma pequena cesta de vime que podia ser presa ao lado da cama de modo que a criança pudesse sempre estar perto da mãe.

     As mulheres agora chamaram Joaquim, o pai. Ele veio até a cama e ajoelhou-se chorando; suas lágrimas caíam sobre a criança. Ele a levantou pelos braços e proferiu seu hino de louvor, como Zacarias no nascimento de João Batista. Joaquim falou neste hino sobre a sagrada semente, implantada por Deus por meio da aliança confirmada na circuncisão e que tinha agora atingido o ápice da florescência nesta criança e estava completa na carne. Também ouviu-se nesta canção de louvor proclamando que agora estava cumprida a palavra do profeta: “Um renovo de tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes” (Is 11, 1). Ele disse, também, em grande humildade e devoção que agora morreria feliz.”

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EMMERICH, Anna Catharina. Santíssima Virgem Maria, 5ª Edição. Mir Editora, São Paulo, 2014.

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Antífonas do Ó – V

Antífona de 21 de Dezembro

   O Oriens splendor lucis æternæ, et sol justitiæ Veni et illumina sedentes in tenebris et umbra mortis.

   Ó Emanuel, sois nosso Rei e Orientador: vinde salvar-nos, ó Senhor e nosso Deus!

E o Menino chora

   O Menino chora na estreiteza do estábulo. Por que choras, Menino bom? Estará aqui presente algum grande pecador que trema quando Deus lhe disser: – “Onde estás?”? Que grande mal tê-lo ofendido muito, lembrar-se de vinte anos de grandes ofensas! Que resposta darás quando Deus te interpelar?

Assim como tu tremes, tremiam os irmãos de José quando este lhes disse: Eu sou José, vosso irmão, que vós vendestes (Gên 45,4). E eles pensaram: “Infelizes de nós! Ele agora é Rei. Há de querer matar-nos, tem motivos e pode fazê-lo”. Tremiam. É o pecador que treme por ter ofendido a Deus. Ofendestes a Deus e por isso tendes razão em tremer. Convido os que estão no erro, os que tem a consciência pesada e os grandes pecadores a ir até à manjedoura ver o Menino chorar.

   Por que choras, Senhor? Os irmãos daquele José não ousavam aproximar-se dele, até que o viram chorar: Eu sou vosso irmão, aproximai-vos, não tenhais medo. José levanta a voz, chora e, não contente com isso, conforme a Sagrada Escritura, beijou em seguida cada um dos seus irmãos, chorando com todos eles (Gên 45,15), e os irmãos pediram-lhe perdão.

Estou chorando por ti

   – Não tenhais receio (Gên 45,5) – dizia-lhes ele – , “vendeste-me por maldade, mas, se eu não tivesse vindo para cá, todos morreriam de fome. Deus tira dos males o bem”.

   Menino, por que chorais? – “Para que os pecadores compreendam que, embora tenham pecado, devem aproximar-se de Mim sem temor, se se arrependerem de ter-Me ofendido”. O Menino chora de ternura e de amor. Bendito Menino! Quem Vos colocou nessa manjedoura senão o amor que tendes por mim? Fomos maus e ingratos, como contra o nosso irmão José. Vendemo-lo. Um disse: – “Prefiro cometer uma maldade a ficar com Cristo”. Outro disse: – “Prefiro um prazer da carne a Ele”. Vendemos nosso irmão, traímo-lo.

 

   E José, o santo, convida-nos a aproximar-nos da manjedoura e a ouvir esse choro causado por cada um de nós. Se olhásseis para esse Menino com os olhos limpos, se adentrásseis na sua alma, encontraríeis uma inscrição que vos diria: “Estou chorando por ti”, pois desde a concepção Ele teve conhecimento divino e conhecia todos os nossos pecados e chorava por eles. E se está chorando pelos nossos pecados, que pecador não sentirá confiança, se quiser corrigir-se? Há algo no mundo que inspire mais confiança do que ver Cristo numa manjedoura, chorando pelos nossos pecados.

   Por que chorais? Que fazeis, Senhor? – “Começo a fazer penitência pelo que tu fizeste”. Pois bem, que fará um cristão que olhe com olhos de fé para cristo que chora pelos seus pecados? Ai de mim, porque tarde Vos conheci, Senhor! Ai de mim por tantos anos perdidos sem Vos conhecer! Quem se deixará dominar pela tibieza ao ver Deus humanado chorar?

   Se, estando o sol no céu, não o suportamos durante o verão, que aconteceria se ele descesse à terra?

   Se, estando outrora lá em cima, o Sol abrasava, o que não será agora que desceu e se colocou numa manjedoura, e passa frio…e, quanto mais frio passa, mais eu me aqueço; e quando mais incômodos sofre, mais eu descanso; e quanto mais Te vejo padecer por mim, Senhor, mais acredito que me amas!… Dou-Vos graças por terdes nascido. Dou-Vos graças por terdes preferido uma manjedoura!

Fonte: O presente texto foi extraído do livro, O Mistério do Natal – São João de Ávila, Editora Quadrante, São Paulo, 1998

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