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Atividades no feriado de São João

21 a 24 de junho

   Por ocasião do feriado de São João, os jovens participantes do Projeto Futuro & Vida dos Arautos do Evangelho realizaram mais um retiro espiritual. Foram quatro dias de intensas atividades, por onde os jovens conheceram mais sobre a Doutrina Católica, com uma linguagem adaptada a idade deles.

   No último dia 24 foram reservadas especiais homenagens a São João Batista, aquele que “foi, em suma, uma figura ímpar na história de Israel. (…) Dentre todos os profetas do Antigo Testamento, só ele teve a incomparável glória de encontrar-se pessoalmente com o Divino Salvador e apontá-lo em termos inteiramente claros: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo’ (Jo 1,29)” (Revista Arautos do Evangelho nº 120, p 14).

   Após a celebração da Santa Missa, transcorreu Bênção da Fogueira, encenação teatral e alegre confraternização com as tão conhecidas guloseimas típicas desta festa.

 

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2º Domingo do Tempo Comum

 I – Um dos mais belos encontros da História

   “O semelhante se alegra com seu semelhante”, diz um antigo provérbio latino. Ora, se grande é o júbilo de duas crianças afins ao se encontrarem pela primeira vez no colégio, qual não terá sido a reação dos dois maiores homens de todos os tempos, ao se contemplarem face a face?

   Assim se realizou um dos mais belos encontros da História, João Batista diante de Jesus; para melhor compreendê-lo, analisemos as analogias entre um e outro.

   Apesar de serem duas pessoas infinitamente distantes entre si pela natureza — João é mero homem, Jesus é a Segunda Pessoa da Trindade Santíssima —, numerosos traços de semelhança os unem.

   Jesus é o Alfa e o Ômega da História. João é o começo do Evangelho e o fim da Antiga Lei.1 Isto o afirma o próprio Nosso Senhor: “Porque os profetas e a Lei tiveram a palavra até João”

   Além do mais, a concepção de ambos, de Jesus e de João, é precedida pelo anúncio do mesmo embaixador, São Gabriel Arcanjo (cf. Lc 1, 11-19.26-35). As mensagens não diferem muito, em seus termos, uma da outra. Os nomes de Jesus e de João foram designados por Deus (cf. Lc 1, 13.31).
No próprio ato de anunciar o nascimento, o mensageiro celeste profetiza também o futuro tanto do Precursor (cf. Lc 1, 14-17) quanto do Messias (cf. Lc 1, 32-33).

   “João andava vestido de pelo de camelo […], e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”. João atraiu multidões: “E saíam para ir ter com ele toda a Judeia, toda Jerusalém” (Mc 1, 5), “porque todos julgavam ser João deveras um profeta” (Mc 11, 32).

   As repercussões sobre sua figura, palavras e obras ecoaram entre os vales e os montes da Terra Prometida, a ponto de o povo chegar a pensar que “talvez João fosse o Cristo” (Lc 3, 15). Pois bem, fixemos em nossa lembrança essa gloriosa projeção alcançada em vida por São João Batista e abramos um parênteses para considerar a principal de suas virtudes: a da restituição, a qual consiste essencialmente em atribuir a Deus os dons d’Ele recebidos.

II – Inveja e ambição, vícios universais

   A ambição é uma paixão tão universal quanto o é a vida humana. Quase se poderia dizer que ela se instala na alma antes mesmo do uso da razão, sendo discernível com facilidade no modo de a criança agarrar seu brinquedo ou na ânsia de ser protegida.

   O desejo de ser conhecida e estimada é a primeira paixão que macula a inocência batismal. Quantos de nós não nos lançamos nos abismos da ambição, da inveja e da cobiça já nos primeiros anos de nossa infância? Essas provavelmente foram as raízes dos ressentimentos que tenhamos tido a propósito da glória dos outros. Sim, pelo fato de desejarmos a estima de todos, por nos crermos no direito à glória e ao louvor dos nossos circunstantes, constitui para nós uma ofensa o sucesso dos outros. Por isso São Tomás define a inveja como sendo a tristeza sentida porque “o bem do outro é considerado um mal pessoal na medida em que diminui nossa glória e nossa excelência”.

   Há paixões que se mantêm letárgicas até a adolescência, e assim não o é a inveja; ela se manifesta já na infância e acompanha o homem até a hora de sua morte. Quantas vezes não acontece de ser necessário separar-se irmãos, ou irmãs, na tentativa de corrigir essas rivalidades que podem chegar a extremos inimagináveis, tal qual se deu entre os primeiros filhos de Eva, Caim e Abel?

 III – São João Batista e a virtude da restituição

 Aproximemo-nos de João nas margens do rio Jordão e analisemos seu prestígio de pregador. Profeta como igual nunca houve em Israel, fundador e chefe de uma escola, todo o povo o procura. Entretanto, seu renome está condenado a uma lenta morte, sua instituição deverá dissolver-se paulatinamente, sobre a glória de sua obra far-se-á um grande eclipse, pois um valor mais alto se aproxima. Esse era o momento do ressentimento, da ambição ferida e talvez até da inveja. Muito pelo contrário, a reação de João foi de heroica humildade e ilimitada servidão, como encontramos narrado no Evangelho de hoje.

 Naquele tempo: a João viu Jesus aproximar-Se dele…

   Da mesma maneira que Maria foi à sua prima Santa Isabel, é Jesus quem Se dirige a João, e agora pela segunda vez. segundo São João Crisóstomo, Jesus volta a encontrar-Se com o Batista para desfazer o equívoco de que, na primeira vez, Ele tivesse ido procurá-lo tal qual o faziam todos, ou seja, para confessar seus pecados ou para obter a purificação destes pelas águas do Jordão.

…e disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.

   Era chegado o momento de os judeus ouvirem, de lábios dignos da máxima credibilidade, a proclamação da grandeza do Messias ali presente. A preparação dos corações estava concluída, o caminho do Senhor já se encontrava endireitado, a voz ecoara pelo deserto, o Filho de Deus precisava ser conhecido e, para tal, era indispensável muita clareza na comunicação: “Eis o Cordeiro de Deus”.

   O cordeiro é um animal pacífico e pacificador. Solto no pasto ou posto na baia, ele tranquiliza os corcéis fogosos, evitando-lhes ferimentos inúteis. A afirmação de João é feita no presente do indicativo — “que tira” — para indicar a perpetuidade do ato redentor.

“D’Ele é que eu disse: ‘Depois de mim vem um Homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim’”.

   É patente tratar-se aqui de um Homem de corpo e alma. Embora tenha nascido depois do Batista, este último confessa publicamente não só que Jesus lhe é superior, mas também que já existia antes dele. E é real, pois, enquanto Verbo de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Ele é eterno. Assim, neste versículo, o Precursor proclama a humanidade unida à divindade, numa só Pessoa. É a revelação do mistério da Encarnação.

“Também eu não O conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que Ele fosse manifestado a Israel”.

   João quis evitar o equívoco da parte do povo, o qual poderia julgar serem suas afirmações sobre Jesus feitas com base no parentesco existente entre ambos. E, na verdade, o Batista se retirara ao deserto ainda menino e não estivera com Ele antes. Portanto, suas declarações eram fruto de um discernimento fundamentalmente profético, como também é profética sua missão, pois torna claro o objetivo de seu batismo: o reconhecimento do Messias, da parte do povo.

E João deu testemunho, dizendo: “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do Céu, e permanecer sobre Ele”.

   O mistério da Santíssima Trindade não havia sido revelado até então; no entanto, de dentro da teologia como é hoje conhecida, torna-se patente a presença das três Pessoas nessa proclamação de João Batista.

   “Também eu não O conhecia, mas Aquele que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo’”.

   Reafirma São João Batista não ter antes conhecido Jesus.Compreende-se sua insistência a esse respeito, pois os laços familiares eram vigorosos naqueles tempos e havia o risco de interpretarem as palavras do Precursor por um prisma meramente humano. Era indispensável fixar a atenção de todos na origem divina de suas proclamações, daí a referência Àquele que o havia mandado batizar.

“Eu vi e dou testemunho: ‘Este é o Filho de Deus!’”

   Sim, Jesus é o Unigênito do Pai. Enquanto os outros todos — inclusive a Santíssima Virgem — somos filhos adotivos, Jesus é gerado e não criado, desde toda a eternidade. João já havia declarado ser o Messias o Cordeiro de Deus, que batizaria no Espírito Santo. Porém, esta é a primeira vez que declara tratar-se especificamente do Filho de Deus.

IV – Conclusão

   O castigo de Deus à ambição e à inveja se faz presente não só na eternidade, como também nesta vida. Quem se deixa arrastar por esses vícios perde a noção do verdadeiro repouso e passa a viver todo o tempo na preocupação, na inquietude e na ansiedade. Sempre estará atormentado pelo pavor de ficar à margem, de ser esquecido, igualado ou superado. Sua existência será um inferno antecipado e essas paixões se constituirão em seus próprios carrascos.

   Pelo contrário, quanta felicidade, paz e doçura têm as almas que são despretensiosas, reconhecedoras dos bens e das qualidades alheias, restituidoras a Deus dos dons por Ele concedidos.

   Entremos na escola de Maria, e d’Ela aprendamos a restituir a Deus nosso ser, nossa família e todos os nossos haveres. Ela nos ensinará a glorificar ao Senhor por ter contemplado o nosso nada e, como resultado, nosso espírito exultará de alegria (cf. Lc 1, 47), a exemplo de seu primeiro discípulo, São João Batista.

Obra Consultada

DIAS, João S. Clá, O Inédito sobre os Evangelhos Vol II, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano, 2013

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3º Domingo do Advento – Domingo Gaudete

Naquele tempo, João estava na prisão

João Batista, varão íntegro que recentemente abalara Israel com sua pregação e exemplo de vida, havia sido preso. Em sua retidão, o Precursor dissera algumas verdades ao rei Herodes Antipas que, escravo das próprias paixões, era dominado por uma concubina, a esposa de seu irmão Filipe  e, por isso, o tirano resolvera prendê-lo.

Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-Lhe alguns discípulos, para Lhe perguntarem: “És Tu, Aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?”

Que acontecimentos teriam levado o Precursor, já no cárcere, a mandar seus discípulos fazerem esta pergunta ao Divino Mestre? Antes de aventar qualquer hipótese, tenhamos presente que ele é um Santo, considerado por Nosso Senhor como o maior homem nascido até aquele momento. Logo, não se trata de uma incerteza sobre a identidade de Cristo, que já fora apresentado por ele em termos claríssimos: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29); “Depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-Lhe a correia do calçado. Eu vos batizei com água; Ele, porém, vos batizará no Espírito Santo” (Mc 1, 7-8). João Batista sabia perfeitamente quem era Jesus, e não precisava de qualquer explicação.

Ele já estava extenuado pelas vãs tentativas de convencer seus discípulos, que insistiam numa concepção política a respeito do Messias. Anelavam um rei humano que ascendesse ao trono de Israel e desse força ao seu povo. Conforme iam acompanhando o ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo tomavam-se de insegurança, porque Ele era um Homem capaz de fazer milagres estrondosos, embora não Se pronunciasse em matéria de política e pregava o advento de um misterioso Reino de Deus que não parecia ser deste mundo. Instigados pela inveja, custava-lhes acreditar que Aquele fosse o Cristo, por não corresponder às suas expectativas e ao modelo por eles idealizado.

O Evangelista frisa: “Quando ouviu falar das obras de Cristo”, indicando que São João discernira ser a hora apropriada para enviá-los, dada a forte impressão causada pelos milagres de Jesus. É no teor da pergunta que fica consignado o fato de ansiarem por um Messias segundo outros padrões: “És Tu, Aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?”.

Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados”.

 

Sua afirmação oferecia elementos para que eles compreendessem a verdade por si, como se dissesse: “Analisem o que acontece, vejam as minhas obras e as suas consequências, e em função disso tirem conclusões. Quem vê todos os prodígios que Eu faço e não acredita que sou o Messias, não tem inteligência”.

“Feliz aquele que não se escandaliza por causa de Mim!”

Por fim, Nosso Senhor completa a resposta com estas palavras, sinal claro de que os discípulos de João Batista não aceitaram bem a mensagem e estavam com inveja da graça fraterna. Ao invés de se alegrarem por comprovar que outro fora favorecido pela benevolência de Deus, numa manifestação patente de seu poder, veem na Pessoa de Jesus uma sombra projetada sobre si mesmos.

Também para os Doze aquele Messias não correspondia ao que pretendiam e se escandalizavam. Por isso Nosso Senhor afirma: “Feliz aquele que não se escandaliza por causa de Mim!”, ou seja, “Feliz aquele que, apesar de o mundo defender que a alegria se obtém de outra forma, sabe que ela está na cruz!

Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões sobre João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, Eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de Ti’”.

Em seguida partiram os discípulos de João, sem que o Evangelho registre se reconheceram Jesus como Messias ou não. Contudo, as palavras de Nosso Senhor são uma proclamação evidente de sua identidade, pois Ele evoca as profecias e prova que as está cumprindo.

Após a saída deles, Jesus passa a falar sobre aquele que está encarcerado, elogiando-o por não ser um caniço agitado pelo vento uma pessoa inconstante , mas um homem firme, inabalável e íntegro, semelhante a uma torre ou uma rocha.

Nosso Senhor quer ainda mostrar que a grandeza de João vai muito além de sua condição de profeta. É o que comenta São João Crisóstomo: “Em que, pois, é maior? No fato de estar mais próximo d’Aquele que tinha vindo. […] Assim como numa comitiva régia os que se encontram mais próximos à carruagem real são os mais ilustres entre todos, assim João, que aparece momentos antes do advento do Senhor. Notai como por causa disso [Jesus] declarou a excelência do Precursor”.

“Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”.

À primeira vista este versículo parece incompreensível, pois como pode o maior dentre os já nascidos ser o menor quando comparado aos habitantes do Reino dos Céus? Aqui Nosso Senhor Se refere a duas etapas e, portanto, a dois diferentes nascimentos. São João Batista recebeu a vida da graça no claustro materno de Santa Isabel, pelos efeitos da voz de Nossa Senhora, e nasceu sem pecado original. Nessa perspectiva, é o maior, uma vez que nenhum outro teve o privilégio de ser batizado dessa sublime maneira. Porém, para entrar no Céu faz-se necessário nascer para a eternidade, e tão mais importante é o Reino Eterno que o mais elevado dos homens deste mundo torna-se pequeno perto dos justos que já gozam da visão beatífica. É o que defende São Jerônimo: “todo santo que já está com Deus é maior do que o que ainda se encontra em batalha. Pois uma coisa é possuir a coroa da vitória e outra estar ainda lutando na linha de combate”.

A Liturgia deste domingo nos convida à alegria, mostrando o rumo para alcançá-la. O contraste entre os protagonistas da cena de hoje é notório: enquanto São João está no cárcere e se submete a este padecimento com plena resignação, animado pela felicidade de ser íntegro e cumprir seu chamado, os discípulos veem-se privados dessa felicidade pela inveja que os consome. Semelhante amargura acompanha Herodes Antipas, escravizado por suas paixões.

A alegria, então, onde está? Na loucura da Cruz. “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-Me” (Mt 16, 24).

Com efeito, o problema do sofrimento não está tanto naquilo que o ocasiona, mas no modo como é suportado. Ele existe em todas as situações da vida e pede de nossa parte o ânimo que esta Liturgia apresenta, do qual Maria Santíssima é modelo. Ela aceitou todos os padecimentos que se abateriam sobre seu Divino Filho e Se dispôs a dar seu contributo ao sacrifício redentor, pois queria a salvação de todos.

Feito para pertencer a Nosso Senhor Jesus Cristo, o ser humano se realiza na medida em que assume com seriedade sua condição de batizado, membro da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, dando passos adiante na prática da virtude e na busca da santidade. Quanto mais avançamos nessa via, maior é a alegria que nos invade, assim como o desejo de progredir ainda mais.

Consideremos de frente nosso destino eterno enquanto esperamos a vinda do Salvador. Na noite de Natal Ele nascerá de novo, misticamente, e se aplicarmos em nossas vidas a lição desta Liturgia nascerá também em nossos corações, onde encontrará uma digna pousada para Se recolher.

Obras consultadas:

DIAS, João S. Clá, O Inédito sobre os Evangelhos Vol I, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano, 2013

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São João Batista: o eco de uma voz que ressoa por mais de dois mil anos

21 de Junho de 2013

by Rodrigo Siqueira

               A alegria está invadindo os bairros e praças do nosso grande Brasil. Comes e bebes, festas, trocas de gentilezas e muitos rojões fazem parte da comemoração que nos rodeia neste mês de junho. Mas tudo isso por quê?

               Porque há homens que nasceram para marcar a História: a sua pessoa, os seus atos, a sua personalidade atravessam os séculos e nos servem de modelo a imitar e de exemplo a seguir.

               São João Batista faz parte desta linhagem de pessoas, homem suscitado por Deus para corrigir os erros de sua época e para iluminar e perfumar a História. Quem foi este tão famoso santo que todos já ouviram falar, mas que nem todos o conhecem?

               Desde os primeiros instantes de sua existência, quando ainda estava no ventre materno, demonstrou possuir uma missão fora do comum. Quando a Santíssima Virgem, após a revelação de São Gabriel, atravessou apressadamente os montes para ir auxiliar a sua santa prima, a qual também concebeu por uma ação divina, e por fim pronunciou-lhe a saudação, o pequeno João pulou de alegria a ponto de deixar patente aos circunstantes se tratar de uma vocação especial. Dele afirmou o evangelista: “Veio um homem enviado por Deus; seu nome era João. (Jo 1, 6).

               Mais tarde encontrou-se no deserto uma figura singular, um homem que se alimentava de gafanhotos e mel silvestre, passava pelos lugares exortando as pessoas que aplainassem o caminho de Deus, ou seja, que suas almas fossem planas e retas sem os desvios e asperezas que são frutos do pecado; um homem altivo apesar de possuir um corpo tratado por heroicas penitências. Entretanto, o fazer penitência é um ato que exige muito do ser humano. Para que alguém esteja realmente disposto a este sacrifício, é necessário que compreenda que pecou, e que este ato irá constituir uma reparação e um pedido de perdão ao Redentor. São João Batista tinha este princípio diante dos olhos, por isso jejuava e se sacrificava pelos pecados do povo. Deus, então, em atenção à sua penitência, concedia força às suas palavras para mover as almas que cruzassem os ouvidos com a sua voz.

               Monsenhor João Clá Dias comentará a seu respeito: “[…] Mas, enquanto preparava o povo judeu para seu encontro com o Messias, São João Batista foi entreabrindo as portas da revelação que o próprio Filho de Deus vinha trazer”.¹

               Assim, o homem de Deus batizava os arrependidos como prefigura e preparação do batismo por excelência trazido por Jesus, e no momento em que lhe comunicam que todos vão ao batismo de Jesus, ele não hesita em manifestar sua humildade dizendo: “É necessário que ele cresça e eu diminua.”

               Que nesta festa de São João, nos lembremos de seus ensinamentos e do seu exemplo de vida; auxiliados pela sua intercessão, tenhamos dor de nossos pecados e peçamos perdão ao nosso Redentor, afim de que, além da animação dos fogos e do bom convívio, aproveitemos a essência desta comemoração, que está em ouvirmos essa voz que ressoa por mais de dois mil anos.

¹CLÁ DIAS, João. In: Revista Arautos do Evangelho, Fazei penitência! Nº120, 2011. p. 15

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