80 anos de Monsenhor João S. Clá Dias

14 de agosto de 2019

No dia 15 de agosto de 2019, Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho, completa 80 anos (clique aqui para ver o site comemorativo). Não há quem chegue a essa idade sem voltar-se para trás com olhar analítico: quais serão os frutos de tão longa existência?

Na vida de um homem virtuoso, as idades devem ser somadas e não subtraídas, dizia o Professor Plinio Corrêa de Oliveira, mestre e inspirador do Mons. João.

E isso quer dizer que, quando a pessoa avança de uma etapa da vida para a seguinte, precisa conservar o tesouro acumulado na fase anterior. Assim, quando deixa a infância e entra na adolescência, tem o dever de preservar na alma o precioso tesouro da inocência e conservá-lo até o fim da vida.

À inocência deve somar-se o arrojo e a generosidade da juventude. Nada do que ficou para trás se perdeu, somou-se.

Na longevidade do homem completo, que consumiu sua vida por um grande ideal, poderá o corpo estar desgastado, mas a alma seguirá mais forte do que nunca, enriquecida pelas virtudes e dons adquiridos em cada etapa. Temperada pelo sofrimento, ela estará sempre disposta a novas audácias, com a sabedoria do ancião e a força de um jovem.

Nessa perspectiva compreende-se melhor a vida de Mons. João e a obra que realizou com a fundação dos Arautos do Evangelho e da família de instituições que se seguiram: sem dúvida, as mais importantes são o ramo sacerdotal – Sociedade de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli, e a Sociedade Feminina de Vida Apostólica Regina Virginum.

Monsenhor João é um homem completo e universal. Sensível à ação do Espírito Santo, centrou o seu apostolado junto à juventude, sem esquecer e nenhuma outra realidade social ou eclesial.

Tendo concluído 80 anos de vida, será possível sintetizar, em poucas linhas, o que ele fez e, sobretudo, o que ele é?

“Vós sois a carta de Cristo” (2 Cor 3, 2), nos ensina São Paulo. Parafraseando o Doutor das Gentes, de Monsenhor João pode-se dizer que é uma partitura de Deus, composta pelo Espírito Santo e enriquecida pela doçura da Virgem Maria, de quem é grande devoto.

Partitura traz à mente harmonia, e harmonia é uma boa porta de entrada para se compreender o que ele é e o que fez.

Músico consumado, fundou coros e orquestras e foi inspirador de muitos outros pelo mundo afora. Seu talento não é menos brilhante enquanto regente de almas, como comprova sua ação em um dos momentos mais difíceis de sua vida…

No final da década de 1990, durante a divisão interna da TFP – Tradição, Família, Propriedade –, após o falecimento do Professor Plinio Corrêa de Oliveira, ele soube harmonizar centenas de almas e conduzi-las com maestria a uma união ainda mais íntima com a Santa Igreja de Cristo.

Mons. João com Dr. Plinio Corrêa de Oliveira

Isso não passou desapercebido pela Sé de Pedro, que nos pontificados de João Paulo II e Bento XVI concedeu aprovação pontifícia para as três Obras nascidas de seu coração: os Arautos do Evangelho, a Sociedade Clerical Virgo Flos Carmeli e a Sociedade Feminina de Vida Apostólica Regina Virginum.

Também foi laureado por Bento XVI com o título de cônego honorário da Basílica Papal de Santa Maria Maior, em Roma, e Protonotário Apostólico, além da Medalha Pro Ecclesia et Pontifice.

O gênio artístico de Monsenhor João ainda pode ser comprovado nas duas basílicas localizadas na região da Grande São Paulo, cujos estilos inspirou e orientou nos mínimos detalhes, além de mais de uma dezena de prédios e igrejas espalhados em vários países.

Doutor em Teologia e Direito Canônico, seu legado intelectual especulativo e prático pode ser conhecido pelos livros e artigos publicados, pelas revistas que criou, sem esquecer dos numerosos centros de ensino fundamental e médio, além de um Instituto Superior de Ciências Religiosas, um Instituto Filosófico e outro Teológico.

Dona Lucilia

Monsenhor João é o mais autorizado e fiel intérprete do pensamento desse insigne pensador e líder católico, como comprovam as páginas dos cinco volumes da coleção O dom de sabedoria na mente, vida e obra de Plinio Corrêa de Oliveira.

Escreveu a biografia da Senhora mãe de seu inspirador, Dona Lucilia, em cujo prefácio o teólogo dominicano, Padre Antonio Royo Marín, sem pretensão de se antecipar ao juízo da Igreja, afirmou “que pode equiparar-se às melhores vidas dos Santos”.

Sua ardente devoção a Nossa Senhora “respira-se” nos livros e artigos que sobre Ela escreveu, sem obscurecer a sólida cristologia, contida em sua coleção O inédito sobre os Evangelhos, de sete volumes.

Carismático evangelizador, fogoso pregador, soube atrair a juventude para o serviço da Santa Igreja, não descuidando a santificação da sociedade temporal com a criação do setor dos Cooperadores dos Arautos do Evangelho.

Seu desejo de conquistar o mundo para Cristo e sua Igreja levou-o a criar a Cavalaria de Maria e outros grupos missionários que saem por toda parte anunciando e propagando o Evangelho do Reino.

Zeloso pelos mais necessitados, estimulou a criação do Fundo Misericórdia, unindo esforços com os heróis da caridade cristã, para dar de comer e beber, visitar enfermos e encarcerados, vestir os nus e abrigar os desamparados.

Tanta realização só pode nascer nos corações daqueles que rezam e sabem sofrer. O espírito de oração fez com que o Monsenhor João instaurasse capelas para a adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento.

Ali ele haure forças para poder levar com resignação e esperança cristã os sofrimentos e cruzes que a Divina Providência lhe envia, os quais oferece com alegria pela expansão desse apostolado, no mundo todo.

Que mais poderia ser dito?

O espírito disciplinado e forte do cavaleiro cristão consona harmonioso com o afável coração paterno. Certa vez, a um jovem diácono já próximo de ser ordenado sacerdote, Monsenhor João recordou um episódio da vida de Dom Bosco…

O Santo fundador tomou um lenço, amassou-o, e disse ao jovem Miguel Rua, pouco antes de sua ordenação, que era assim que o desejava, dócil em suas mãos.

Conhecendo a debilidade dos filhos que a Providência lhe confiou, Monsenhor preferia fazer diferente: primeiro passar a ferro o lenço amarrotado, dobrá-lo, perfumá-lo e, por fim, dizer ao jovem ordenando: “É assim que o quero nas mãos de Nossa Senhora!”

Monsenhor João também experimentou o cumprimento das misteriosas palavras do Evangelho: “por causa de meu Nome, sereis odiados” (Mt 10,22), mas graças à sua união com o Senhor Jesus sempre soube perdoar de coração: “Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós”. (Col 3,13)

               Monsenhor João S. Clá Dias

Por fim, surge uma interrogação: Como é possível fazer tanto em tão pouco tempo?

O segredo de uma vida fecunda está na oração, no sofrimento e na vida interior. Por isso, pode-se dizer que Monsenhor João alcançou um auge, aos 80 anos, vivendo a soma das idades que lhe permite ter a atividade de um jovem somada à prudência e sabedoria de um homem na grande idade, dons que como fundador ele transmite a toda a sua obra. É o que explica o crescimento dos Arautos do Evangelho.

Mas, o que ainda pode vir no futuro?

Com a proteção e o amparo da Santíssima Virgem, apesar de tantos obstáculos ao longo do caminho, tudo se pode esperar, tudo se pode ousar, nada se deve temer, a não ser o pecado. Nossa Senhora, levará a bom termo esta obra que nasceu de suas mãos virginais.

Quanto ao mais, sem nenhuma precipitação ou temeridade, pode- se dizer: Monsenhor João está apenas começando…

Pe. Alex Brito, EP.

 

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