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Singelo ato de afeto: cartões de natal

16 de Dezembro de 2013

Aproximam-se as festividades de Natal e ainda não decidimos como presentear as pessoas que mais estimamos. A escolha de um presente ideal é realmente uma dúvida cruel. “Será que ele já tem isso?”, “Será que ela vai gostar daquilo?” São perguntas que nos vem à mente durante o crucial momento da compra.

Entretanto, após séculos de cristandade, os homens desenvolveram um salutar método de se congratularem  por ocasião do nascimento do Menino Deus, redentor da humanidade: os cartões de Natal!

É realmente o presente ideal! Simples, barato e que agrada a todos os gostos.

Mas, como surgiu essa brilhante ideia de enviar versos como singelo ato de afeto para os parentes e amigos? Quem iniciou este agradável costume de rogar bênçãos e desejar prosperidade para o próximo neste mundo tão cheio de intrigas e invejas?

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Os cartões de Natal são atualmente uma parte não essencial das festas. No entanto, eles têm pouco mais de cem anos de idade. No final do século XVIII e princípio do século XIX, existia um costume agradável, se bem que não universal, de se enviar versos de cumprimentos, frequentemente compostos pelo remetente, aos amigos por ocasião do Natal, ou em outras grandes ocasiões. Para esta finalidade, usavam-se folhas de papel, especialmente preparadas, com bordas e cabeçalhos impressos. Folhas semelhantes, mas menos enfeitadas, eram usadas por alunos para os “textos de Natal”, dados aos seus pais, no final do período de aulas. Estes textos consistiam de duas ou três frases, escritas com muito cuidado, que serviam tanto como votos de festas como prova de progresso na arte da escrita, sendo que este último aspecto era o mais importante do ponto de vista dos professores. Folhas de papel ornamentado para estas duas finalidades eram vendidas em quantidades consideráveis na primeira metade do século passado e, aparentemente, foi destas folhas que o verdadeiro cartão de Natal, com uma mensagem impressa e com seus efeitos pictóricos, se desenvolveu.

Várias pessoas disputaram a honra de terem inventado esta nova forma de cumprimentos. Mas, um menino inglês, chamado Willian Egley, pode ter desenhado o primeiro cartão de Natal, em 1842. Este cartão está exposto no museu Britânico, mas sua data não é suficientemente clara para se saber se o último número é um 2 ou um 9. Edward Bradley, um clérigo inglês de Newcastle, enviou cumprimentos litogravados em 1844, e neste mesmo ano W. A. Dobson, diretor da Escola de Desenho em Birminghan, usou cartões pintados à mão para os seus amigos¹.

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Esta prática jamais deve ser extinta dos espíritos cristãos. Conforme nos conta Tertuliano (Apolog. 39), os primeiros cristãos tomavam tão a sério as palavras do Senhor, registradas por João Evangelista, – “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35) – que as outras pessoas e grupos exclamavam admirados: “Vede como eles se amam!”.

Demonstre seu afeto enviando um belo cartão de Natal para as pessoas que você gosta, ou melhor, tente enviar um cartão para aquelas pessoas que você tem mais dificuldade no relacionamento. Desejar-lhe um “Feliz Natal” não seria nada mau…

 ¹Fonte: O Estado de São Paulo: Suplemento de Turismo nº 914. 16/12/1983. p.12.

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Um papai que não é Noel…

06 de Dezembro de 2013

A cada dia que passa paira um certa alegria, como que inexplicável, no coração dos jovens e adultos: é o Natal que se aproxima!

Luzes e cartazes coloridos enfeitam as ruas da cidade, as lojas estão repletas de pessoas. Entretanto, apesar deste turbilhão de informações se destaca uma figura singular, vestido de um modo diferente. Logo uma criança, com o nariz colado no vidro da janela do carro, exclama com seu característico tom de voz: “Olha mãe, é o Papai Noel”!

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Como surgiu o Papai Noel, com sua barba branca, vestido para enfrentar neve em pleno calor de dezembro, principalmente por estas terras quentes do Nordeste brasileiro, descendo apressadamente pelas chaminés e distribuindo presentes?

Na realidade, o Papai Noel tão popular em nossos dias, não é senão uma representação do grande São Nicolau, cuja festa se comemora no dia 6 de dezembro. É também nesta data e não na noite de Natal quando era costume distribuir os presentes aos meninos, a fim de que as comemorações natalinas se centralizassem especialmente na Missa do Galo e a Ceia de Natal.

São Nicolau tornou-se órfão desde muito pequeno, herdando uma enorme fortuna de seus pais. A riqueza não lhe serviu para perdição, senão que foi ao contrário, um meio de praticar a virtude. Assim, por exemplo, quando São Nicolau soube que seu vizinho se encontrava na miséria, não podendo casar as suas três filhas, se compadeceu. Às escondidas, lançou durante a noite uma sacola cheia de dinheiro de sua janela para a do vizinho. Intrigado, este deu graças a Deus por poder com essa quantia, dotar a sua filha mais velha. Pouco tempo depois, o caso se repetiu e casava a segunda filha. Na terceira, o vizinho conseguiu descobrir o misterioso colaborador, a quem agradeceu comovido.

Assim se apresentava o santo:

Ele estava todo paramentado. Na mão direita trazia um báculo de ouro, e na esquerda um grande livro. Seu criado conduzia o trenó. Ao lado do criado encontrava-se um saco repleto até os bordos, e um grande bordão.

Chegando à casa, o Bispo mandava parar o trenó. O Criado tomava o saco e o bordão, e abatia à porta. O dono vinha recebê-los, com alegria e em atitude de grande respeito e veneração.

O alto porte do prelado, sua longa barba branca, a mitra e o báculo que trazia, tudo isso lhe conferia um ar de solenidade, que se entremeava com a afabilidade da fisionomia e a doçura do olhar. Ele sorria para as crianças, saudava aos da casa. Erguia depois as mãos traçando o sinal da cruz abençoando a todos.

O ancião dirigia-se às crianças com ternura. A uma pedia que cantasse uma canção de Natal. A outra que recitasse uma poesia. A terceira que rezasse uma oração.

Dando-se por satisfeito, o respeitável visitante abria então o grande livro – o “livro de couro”. Nele havia sido registrado, durante o ano, o comportamento das crianças. Após consultá-lo, o Bispo chamava uma por uma.

A algumas dava bolos, doces e frutas como presente: haviam sido bem comportadas. A outras, porém, sentava-as no joelho, e em tom afável, porém sério, repreendia o mau comportamento que tiveram. Faziam-nas prometer emenda. Caso contrário, no próximo ano mandaria seu criado aplicar-lhes com o bordão umas palmadas… As mais especialmente insubordinadas, ele ameaçava colocar dentro do saco e levá-las, caso não se corrigissem.

Assim, São Nicolau ia de casa em casa, dando bons conselhos, presentes… e também reprimendas. Nas casas em que ele não podia passar, deixava presentes nos sapatos postos do lado de fora da janela. A ninguém o santo esquecia.

Bons tempos aqueles em que vigorava essa tão bela tradição católica, que foi colher na hagiografia um grande santo, prelado respeitável, criando um ambiente favorável a premiar ou repreender as crianças.

Com a paganização dos costumes, infelizmente também essa tradição foi sendo deturpada ou esquecida. Em lugar de um venerável Bispo canonizado pela Igreja, surgiu uma figura laica, o Papai Noel, caricatura de São Nicolau. O aspecto didático e justiceiro da atitude deste perante as crianças – premiando umas e castigando outras – foi substituído pela indolência do velho de barbas brancas, vestido de vermelho, que deixa presentes em todos os sapatos, indiscriminadamente. Tal era o Papai Noel de ontem.

O Papai Noel de hoje decaiu ainda mais: tornou-se uma figura quase de circo para animar as vendas ou em programas de televisão para crianças, cujos brinquedos preferidos são monstros…

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Caro leitor, não nos deixemos enganar pelos sensacionalismos do mundo moderno, apeguemo-nos a Jesus e a Maria, para assim chegarmos à glória celeste junto com todos os Anjos e Santos! Jamais troquemos a figura do Menino Deus pela de um “papai que não é noel”, pois a figura deste mundo passa, mas a Palavra de Deus permanece eternamente.

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Um perfume de Natal no ar

03 de Dezembro de 2013

Aproximando-se as festas de fim de ano, as casas já começam a ser adornadas com arvorezinhas, quase todas artificiais, cheias de bolas e enfeites coloridos, as lojas se preparam para vender mais, os funcionários fazem horas extras, contrata-se alguém para vestir-se de Papai Noel, e todo mundo fica à espera do “décimo terceiro” para a ceia e para os presentes, ou para as viagens. Todos se preparam para viver esses dias de feriado, de festas e de gozo.

Mas foi sempre assim, tão reduzida aos seus aspectos “materialistas”, a época do Natal? Lembram-se hoje as pessoas d’Aquele de quem celebramos o nascimento?

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Tempo houve em que os dias que antecediam o esperado 25 de dezembro traziam um perfume sobrenatural no ar. Bem antes, a alegria dominava os corações. A cidade se enfeitava mais, armavam-se árvores e compravam-se os ingredientes para as deliciosas ceias. Os adultos saíam misteriosamente à rua, voltavam carregados de pacotes e os pequenos não se davam conta de nada… ou pelo menos sentiam gosto em parecer que nada percebiam! Nem sempre os presentes eram caros, mas dados com todo o afeto! Dominava a tudo a figura do menino Jesus.

O presépio

Ao lado dos pinheirinhos, às vezes tão altos que chegavam ao teto da casa, o presépio nunca podia faltar. Buscava-se musgo nos campos ou nos mercados, plantava-se arroz em pequenos vasinhos no dia 8 de dezembro, festa da Imaculada, para que no dia 24 estivesse bem crescidinho, tudo feito para dar o ar mais real possível à gruta de Belém, onde ia nascer o Salvador. A manjedoura vazia só ia ser ocupada na madrugada do dia 25, quando nascesse o nosso Redentor. Os Magos, ao longo dos dias, iam percorrendo o caminho, seguindo a estrela que os guiava, e só chegavam na santa gruta no dia 6 de janeiro, como narram as mais antigas tradições.

O dia 24 de dezembro já amanhecia completamente diferente. A par do agradável cheiro de pão-de-mel, de chocolate e do peru, que era assado devagar, um ambiente de santa alegria pairava sobre toda a cidade. As roupas novas eram cuidadosamente preparadas. Por volta das cinco ou seis horas da tarde, o movimento das ruas começava a cair. Nas casas todas as lâmpadas eram acesas, as árvores de Natal coruscavam com suas luzinhas coloridas. A noite ia chegando e as pessoas preparavam-se para a Missa. Às dez horas as igrejas começavam a abrir-se e muita gente ia chegando. As senhoras rezavam ou às vezes cochichavam entre si, os homens bocejavam, e as crianças esperavam ansiosas a entrada do Menino Jesus, que seria levado pelo sacerdote para completar o belo presépio, com a manjedoura ainda vazia.

A bela imagem do Menino Jesus

Ouvia-se um bimbalhar de sinos, os cânticos enchiam a igreja dos sons daquela noite feliz. Nasceu o Menino Jesus! O Padre entrava com uma encantadora imagenzinha de nosso Deus feito menino e a depositava no presépio. Vários fiéis acorriam ali para venerá-la. Começava a Missa, e o Natal chegava a seu auge na hora da Consagração e da Comunhão. Terminada a Eucaristia, muitas famílias compartilhavam uma deliciosa ceia noite afora, celebrando tão excelso aniversário. Outras preferiam comemorá-lo com um suculento almoço no dia seguinte.

Mas o que era comum em todas as casas era ver as crianças, já no dia 25, brincando e desfrutando de seus novos presentes, contentes por ver que o Menino Jesus trouxe a alegria da salvação e os premiou por seu bom comportamento.

Muitas famílias visitavam-se para pessoalmente cumprimentar seus amigos e parentes, desejando-lhes os melhores votos de um Santo Natal, repleto das bênçãos de Deus. Era de fato um tempo de paz em que a fé estava presente e reinava a harmonia entre as pessoas.

Perdeu-se este sentido verdadeiro do Natal? O consumismo, o desejo do gozo da vida e a preocupação apenas com o que é terreno terão conseguido apagar inteiramente nas almas o espírito natalino? Continuará o Natal a ser celebrado sem ter em conta que esta é a festa do nascimento do Menino Jesus, que se encarnou e nasceu de Maria Virgem para nos abrir as portas do céu? Não mais retornarão as inocentes alegrias das festas natalinas de outrora?

Difícil é responder positivamente a essas questões. Mas lembrando-nos do poder da Graça divina, resta-nos a esperança da restauração dessa alegria sobrenatural.

Quiçá, ao celebrar o décimo terceiro Natal do milênio, nosso leitor se sinta inspirado a orar para que volte essa atmosfera de inocência e que esse perfume de espírito cristão impregne novamente os lares. Não apenas o perfume de tempos passados, mas o de uma nova era que se aproxima, era do triunfo do Imaculado Coração de Maria, que fará desta festa uma verdadeira “Noite Feliz”…

Por Juliane Campos In: Revista Arautos do Evangelho nº12, Dezembro, 2002.

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Tudo se reflete nos olhos…

06 de Novembro de 2013

 Imaginemos que estamos em uma biblioteca folheando umas páginas de um livro velho que encontramos no fundo de um armário pouco usado. De repente, nos deparamos com uma figura de um anjo conversando com um homem. Aquilo nos deixa um tanto perplexos e nos aventuramos a ler uma ou duas páginas do livro que faz referência àquela foto.

Após breves minutos de leitura, entendemos o significado de tal imagem. Era um anjo que veio à terra dar ao dito homem um dom que pertence somente a Deus: o de ler os pensamentos. Logo, imaginamos com seria bom se recebêssemos esse dom também.

Todavia, o egoísmo se apossa de nós, pois todos nós queremos ler os pensamentos dos outros, mas não queremos que os nossos sejam revelados de nenhuma forma…

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Contudo, todos nós sabemos que não é possível que um homem veja o que se passa no interior de outro. Entretanto, Deus nos deixou uma espécie de “janela” por onde se é possível dar uma pequena espionada no interior de nosso próximo: os olhos.

Já é conhecido de todos o velho ditado: “Os olhos são as janelas da alma”. É através dos olhos que grande parte do que se passa em nosso interior é revelado, sem o nosso consentimento, para aqueles que nos rodeiam. É praticamente impossível esconder quando recebemos uma boa ou má notícia. Aquilo fica, como que, estampado em nossa fisionomia.

Pio XII  em sua alocução aos membros do 1º Congresso Latino de Oftalmologia afirmava que: “Tudo se reflete nos olhos: não só o mundo visível, mas também as paixões da alma. Mesmo um observador superficial descobre neles os mais variados sentimentos: cólera, medo, ódio, afeto, alegria, confiança ou serenidade. O jogo dos diversos músculos do rosto encontra-se de algum modo concentrado e resumido nos olhos, como num espelho”

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Nos ensina ainda o Divino Mestre que “o olho é a luz do corpo. Se teu olho é sadio, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas” (Mt 6, 22-23)

Ao ler estas breves palavras, mas cheias de ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, pergunto: como estou eu em matéria de olhares? Em que estado se encontra meu corpo? Iluminado ou em trevas?

Este tão elevado sentido da visão pode ser para nós motivo de salvação ou de perdição. Nosso Senhor e Redentor nos adverte que: “se teu olho te leva ao pecado, arranca-o e lança-o longe de ti: é melhor para ti entrares na vida cego de um olho que seres jogado com teus dois olhos no fogo da Geena”. (Mt 18,9)

Por isso, caro leitor, evitemos toda e qualquer espécie de pecado. Nos momentos de dificuldade, lembremo-nos dos santos que passaram por esta vida com os olhos fixos em Jesus, por isso, seus corpos eram iluminados na terra e agora mais ainda no céu.

Tomemos, pois, cuidado para que os males, à maneira dos ladrões, nunca entrem por estas “janelas” e nos roube o nosso mais precioso tesouro: a graça de Deus.

Se teu olho é sadio, todo o teu corpo será iluminado…

¹PIO XII. Alocução, 12/06/1954.

Por Diego Maciel

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