15 de setembro de 2014
Era uma vez, um homem que estava condenado à morte. Que crime havia ele cometido para tal pena? Será ele um assassino? Não sabemos.
Ia ele sendo conduzido irresistivelmente à forca, erguida no centro da cidade de Toulouse, na França, a vista de todos os que ali passavam. Acompanhavam-no os juízes e o carrasco com um olhar imperdoável. Uma grande multidão também o seguia atraída pela curiosidade que esse gênero de acontecimento sempre desperta.
Ora, exatamente nessa hora, passava por Toulouse o Rei com a bondosa Rainha, que ele acabara de desposar na Espanha. Chegando diante da tremenda forca, qual não foi o espanto da Rainha ao ver o infeliz condenado, já com a corda em torno do pescoço, dando o último olhar para essa vida. A Rainha não pôde conter um forte e decisivo grito e escondeu o rosto entre as mãos.
Então, neste trágico momento, o Rei deteve-se e fez um sinal ao carrasco para que esperasse. E voltando-se para os juízes, disse:
–Senhores magistrados, a Rainha vos pede, como sinal de boas vindas, que seja de vosso agrado conceder a este homem o perdão. – Esta intervenção do Rei foi recebida com grande alegria por uns; entretanto, para outros foi uma surpresa.
Mas os juízes responderam:
– Majestade, este homem cometeu um grande e terrível crime para o qual não há perdão; e, ainda que nosso desejo seja agradar à senhora nossa Rainha, estamos sujeitos a lei que exige ser ele enforcado imediatamente.
Você, caro leitor, deve estar se perguntando: Mas, por acaso, existe uma falta que não possa ser perdoada…?
Não obstante, essa foi exatamente a mesma pergunta que fez a Rainha. E um dos vários conselheiros do Rei respondeu:
– Não, certamente. E lembrou que, segundo o costume do país, qualquer que seja o condenado e por pior que fosse o seu crime, poderia ser resgatado pela soma de 1000 ducados.
– É verdade, mas como este pobre coitado conseguirá tal quantia? — replicaram os magistrados.
Sem hesitar, o Rei abriu a bolsa e de lá tirou 800 ducados. Quanto à Rainha, vasculhou a sua e não encontrou senão 50 ducados. Disse ela:
– Senhores, não é bastante para este pobre homem a soma de 850 ducados?
– A lei exige 1000 ducados. – repetiram os incrédulos magistrados e inflexíveis.
Então, todos os homens do séquito real reviraram suas respectivas bolsas, à procura de mais moedas, entregando tudo aos juízes. Estes fizeram a contagem e anunciaram:
– São 997 ducados, ainda faltam 3!
– Por causa de apenas 3 ducados este homem será então enforcado!? — exclamou a Rainha perplexa.
– Não se trata de uma exigência nossa, mas é a lei! Ninguém pode alterar a lei!
E fizeram sinal ao carrasco, que se aproximou com a cabeça coberta por uma alta touca negra, preparando-se para o trágico ato final. De novo interveio a bondosa Rainha:
– Parem! Primeiro, revistai este pobre miserável. Talvez ele tenha consigo 3 ducados.
Com ceticismo, o carrasco revistou o condenado e encontrou num de seus bolsos 3 ducados. Completou-se assim, a soma necessária. O criminoso foi perdoado e acolhido amavelmente pelo Rei e pela Rainha.
Que lição podemos tirar daqui caro leitor? Quem é o homem que, na iminência de ser enforcado, foi salvo pela bondade do Rei, pela intercessão da Rainha e ajuda dos cavaleiros do séquito real?
Este homem bem pode ser cada um de nós! É você que está lendo este artigo. No dia do Juízo, o que nos salvará será, sem dúvida, a misericórdia de Deus, a intercessão da Virgem Maria e os méritos dos Santos. Mas, tudo isto de nada valerá se não levarmos conosco pelo menos 3 ducados de boa vontade!
Por Victor Henrique Martins
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