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6º Domingo da Páscoa

   A passagem do Evangelho considerada hoje integra o grande Sermão da Ceia pronunciado por Jesus ao terminar o banquete pascal, após Judas Iscariotes ter-se retirado para consumar sua traição (cf. Jo 13, 31―17, 26). São João foi o único Evangelista a consignar este discurso, talvez o mais belo e mais admirável proferido pelos adoráveis lábios do Redentor.

   A humildade manifestada momentos antes por Cristo, ao lavar os pés de cada um de seus discípulos — que havia pouco disputavam o primeiro lugar… —, gravara em suas almas uma profunda impressão da bondade divina e ao mesmo tempo tornara neles ainda mais intensa a consciência da própria indignidade. Por outro lado, é provável que o comovedor anúncio da traição de um dentre eles os deixara desconcertados e aterrorizados. Por fim, a instituição da Sagrada Eucaristia, grande Sacramento de amor, estreitara ainda mais os laços que os uniam ao Senhor, incutindo-lhes confiança e abrindo-lhes os horizontes da vida eterna.

   “O fato de Jesus ter falado só aos seus Apóstolos, aos quais acabava de instituir sacerdotes e de comunicar seu Corpo e Sangue,” — comenta Gomá y Tomás — “e de ser o último colóquio que com eles teria antes de sua Morte […] confere um relevo extraordinário a este discurso. Nele o Divino Mestre abriu de par em par seu pensamento e seu coração, dando-lhes o que poderíamos chamar a quintessência do Evangelho”.

“Se Me amais, guardareis os meus Mandamentos…”

   São Tomás, repetindo o princípio de Dionísio Areopagita, nos ensina que o bem procede de uma causa íntegra, enquanto o mal, de qualquer defeito: “bonum est ex integra causa, malum autem ex singularibus defectibus”. E se desejamos a perfeição numa imagem de Nossa Senhora, devemos querê-la também, por coerência, no bem que praticamos, pois se nele houver qualquer defeito já estará presente o mal. Precisamos, pois, nos esforçar para praticar os Mandamentos em sua integridade.

“…e Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco…”

   Quando se refere ao Espírito Santo como Defensor, Nosso Senhor emprega esta palavra no sentido de Advogado. Cabe ao advogado a função de defender em juízo a causa de seus clientes, apresentando todos os argumentos e provas para que estes não sejam condenados.

   Esse Defensor, afirma ainda Nosso Senhor, permanecerá para sempre conosco. Ou seja, estará agindo sem cessar, protegendo e consolando, embora não na mesma intensidade, e por vezes de modo imperceptível. Cabe-nos ouvir o que Ele nos diz no fundo da alma, seguindo os princípios e os ditames de nossa consciência. Para isso, também, temos necessidade de uma graça divina.

Se formos fiéis a essas inspirações, teremos um Advogado contra as acusações apresentadas por nossa consciência e aquelas que o demônio fará a cada um de nós, no juízo particular.

“…o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não O vê nem O conhece”.

   O que leva o mundo a não ver nem conhecer o Espírito da Verdade?

   Quem resolve seguir princípios contrários à Lei de Deus, procura deformar e aquietar a sua consciência para não ouvira voz do Espírito Santo, que está sempre a indicar-lhe as retas vias da virtude e da santidade, à qual todos — sem qualquer exceção — são chamados, conforme a doutrina bem explicitada pelo Concílio Vaticano II: “Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e consumador, a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição: ‘sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito’ (Mt 5, 48). […] É, pois, claro a todos, que os cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade”.

“Vós O conheceis, porque Ele permanece junto de vós e estará dentro de vós. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós. Pouco tempo ainda, e o mundo não mais Me verá, mas vós Me vereis, porque Eu vivo e vós vivereis. Naquele dia sabereis que Eu estou no meu Pai e vós em Mim e Eu em vós”.

   A cena é emocionante. Nesse discurso de despedida, Nosso Senhor quer deixar patente que cada um de nós, batizados, faz parte desse relacionamento de familiaridade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Como  o Pai está no Filho, a Trindade estará em mim, se eu amar a Deus e cumprir a Lei. O Espírito Santo estará em mim, e serei templo vivo d’Ele.

“Quem acolheu os meus Mandamentos e os observa, esse Me ama”.

   Ora, podemos dizer que a base fundamental para acolher os Mandamentos da Lei de Deus se chama humildade. O orgulhoso confia em si, julga-se capaz de tudo e, por isso, não verá necessidade de crer num Deus onipotente. Para acolher os Mandamentos, deve-se rejeitar aquilo a que a natureza humana decaída aspira: ser considerada deus. A partir do momento em que a pessoa se inclina ao pecado, começa a ceder em matéria de orgulho ou de sensualidade, e se não receber uma proteção muito especial da graça, ela irá até o último limite do mal.

“Ora, quem Me ama, será amado por meu Pai, e Eu o amarei e Me manifestarei a ele”.

   Era necessária uma conversão, uma mudança de mentalidade daquele povo. Quando Nosso Senhor disse que Se manifestaria a quem guardasse sua palavra e O amasse, causou surpresa nos Apóstolos, como nos é revelado pela pergunta feita logo a seguir por Judas Tadeu: “Senhor, por que razão hás de manifestar-Te a nós e não ao mundo?” (Jo 14, 22). E a voz desse Apóstolo não passava de um eco do pensamento dos demais, conforme ouvimos pouco antes Filipe pedir: “Senhor, mostra-nos o Pai” (Jo 14, 8), e Tomé indagar: “Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” (Jo 14, 5)

   Nosso Senhor nos promete aqui a maior das recompensas, que Ele explicita mais ainda no versículo seguinte: “Se alguém Me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14, 23).

   De fato, que mais se poderia dar ao homem, além de transformá-lo em morada do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Mais do que isso, impossível. Diz São Tomás.

   A Liturgia do 6º Domingo da Páscoa, insistindo na necessidade do amor para o cumprimento da Lei, nos convida a estarmos sempre abertos às inspirações do Defensor e, em consequência, seremos mais mansos e bondosos, inteiramente flexíveis e desejosos de fazer bem a todos.

   Peçamos à divina Esposa do Paráclito, Mãe e Senhora nossa, que nos obtenha a graça da vinda o quanto antes deste Espírito regenerador a nossas almas, conforme suplica a Santa Igreja: Enviai o vosso Espírito e tudo será criado, e renovareis a face da Terra (cf. Sl 103, 30).

   Tudo, portanto, está ao nosso alcance para sermos o que devemos ser, e assim recebermos o prêmio imerecido do convívio eterno com a Santíssima Trindade.

 Obra consultada:  DIAS, João S. Clá, O Inédito sobre os Evangelhos Vol I, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano, 2013

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Homenagem às Mães

18 de maio de 2014

No mês de maio a comemoração das mães têm destaque relevante, sobretudo, levando em consideração a venerabilidade dada à Nossa Senhora, a Rainha das Mães. Por isso, neste último domingo, dia 18 de maio, na casa dos Arautos do Evangelho foi realizada a “Homenagem às mães”.

 A programação teve inicio com o solene cortejo  entronizando a Imagem de Nossa Senhora de Fátima. Logo em seguida teve início a Celebração Eucarística, especialmente oferecida por todas as mães presentes.

A apresentação musical oferecida pelos jovens do “Projeto Futuro e Vida”  à suas mães teve inicio logo após a coroação da Imagem Peregrina do Imaculado Coração de Maria, que foi feita por duas mães que representaram todas ali presentes. A apresentação contou com as seguintes músicas:

  1. Kindersinfonie (Sinfonia dos Brinquedos) – Johann Georg Leopold Mozart  (1719-1787);
  2. Alter Marsch – Marcha tradicional Austríaca;
  3. Solo de Percussão;
  4. Hallelujah Chorus – Georg Friedrich Händel (1685-1759);
  5.  Oh Santa Mãe de Deus (melodia francesa Apell a La mission – Cantigas de São Luís M. Grignion de Montfort, séc. XVII);
  6. Luar do Sertão – Catullo da Paixão Cearence (com letra adaptada para as mães).

Apenas deixamos uma parte da letra para que possam degustar um pouco das graças recebidas neste dia:

 Não há nada mais belo

Que um coração materno

Que um Deus se fez menino no

regaço de sua Mãe. /

Oh Santa Mãe de Deus,

Te peço com fervor…

A mãe que Tu me deste,

guardai com todo o amor!/

Oh Deus ouvi meu canto

De amor e gratidão

Bendiz as mães do mundo,

te imploramos oh senhor./

Termin’esta  canção

E te peço ó minha mãe

Que sejas o espelho,

de Maria Mãe das Mães.

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5º Domingo da Páscoa

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em Mim também”.

   Na opinião de todos os autores gregos, esta frase foi dita por Cristo para os Apóstolos não se assustarem demais ao ouvir a previsão a respeito de Pedro (o qual O negaria) e pensarem que eles também, contra a sua vontade, iriam traí-Lo, uma vez que o chefe e mais valente de todos haveria de cair. Daí, também, concluírem alguns desses autores constituir esse conselho de Cristo uma prova de sua divindade, por demonstrar conhecer o pensamento de seus discípulos.

“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, Eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, e quando Eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde Eu estiver estejais também vós. E para onde Eu vou, vós conheceis o caminho”.

   As verdades contidas nesses versículos são transmitidas a fim de incutir nos discípulos a confiança de que eles não estavam excluídos de seu Reino, se bem não pudessem segui-Lo naquele momento. “Ele os consola, garantindo-lhes que não ficam excluídos,mesmo se de momento não O sigam. A seu tempo farão isso, e não lhes faltará lugar ali, porque ‘na casa de seu Pai’, isto é, em seu Reino, ‘há muitas moradas’ e a cada um está reservada a  sua, sem perigo de que outro a ocupe”.

Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?”

   Segundo São João Crisóstomo, Tomé pergunta com todo respeito, movido pelo desejo de dar oportunidade a Jesus para ser mais explícito. Maldonado é propenso a ver nessa atitude de Tomé “uma tácita queixa e uma amorosa repreensão por nunca lhes ter querido dizer abertamente para onde ia”.

   Retornando à análise da atitude dos discípulos face à afirmação de Jesus, ouçamos o que nos diz o padre Manuel de Tuya sobre essa passagem: “Os Apóstolos aparecem com uma grande rusticidade, não compreendendo,como em outras ocasiões, os ensinamentos de Cristo. Anunciando-lhes que vai ao Pai, ao Céu, deviam eles compreender o que já lhes havia dito, de outras formas, tantas vezes: que precisavam aceitar sua ‘mensagem’”.

Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim”.

   Maldonado procura mostrar quão difícil é entender a razão pela qual Jesus acrescenta a “Verdade” e a “Vida” ao “Caminho”.Quanto a este último, mostra-nos como Cristo é para nós  “Caminho” por sua doutrina, pela necessária fé que n’Ele devemos ter para chegar à vida eterna, idem com respeito à imitação d’Ele, que nos é obrigatória, e por fim, por nos ter Ele — pelos seus méritos — reaberto as portas que nos estavam fechadas. Ninguém pode ir ao Pai senão por seu intermédio. Por isso, comenta-nos Santo Hilário: “Não pode conduzir-nos por lugares extraviados Aquele que é o Caminho, nem enganar- -nos com falsas aparências Aquele que é a Verdade, nem abandonar-nos no erro da morte Aquele que é a Vida”.

“Se vós Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora O conheceis e O vistes”. Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não Me conheces, Filipe? Quem Me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai?’ Não acreditas que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que vos digo, não as digo por Mim mesmo, mas é o Pai, que, permanecendo em Mim, realiza as suas obras”.

   Filipe possuía um temperamento e uma psicologia bem diferentes dos de Tomé. Este era bem positivo e desconfiado. O outro demonstrava ingenuidade com sua pergunta: “A pergunta de Filipe deixa ver, uma vez mais, a rudeza e a incompreensão dos Apóstolos antes da grande iluminação  de Pentecostes”.Passam-nos muitas vezes pela alma ingênuas curiosidades análogas às de Filipe; gostaríamos e ver, compreender e realizar certas verdades de nossa Fé. Não é neste mundo que se dará a visão clara desejada por nós. Devemos nos contentar com as luzes envoltas em penumbras oferecidas pela nossa crença.

“Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará as obras que Eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois Eu vou para o Pai”.

   Dirá mais tarde Tiago, em sua Epístola, que a fé sem as obras é morta (cf. Tg 2, 17). Aqui, o Salvador afirma o quanto essa fé por Ele exigida será profícua em realizaçõesdivinas. Essa virtude cria um liame divino. O próprio São Paulo afirmará: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gal 2, 20); e ainda: “Tudo posso n’Aquele que me conforta” (Fl 4, 13). Indo para o Pai a fim de ser glorificado em sua humanidade triunfante, estenderá aos discípulos que n’Ele creem o poder de fazer milagres que recebeu do próprio Pai. Se os mistérios nos são difíceis de alcançar, as obras falam por si e  nos facilitam a crença.

   Que esse dom concedido pelo Salvador aos seus fiéis servidores não os envaideça, como adverte Santo Agostinho: “Não se eleve o servo acima do Senhor, nem o discípulo acima do Mestre. Diz que os discípulos hão de fazer maiores obras do que Ele, mas entende-se que é Ele quem opera nos discípulos ou por meio dos discípulos, e não os discípulos por si mesmos. A Ele se dirige o louvor: ‘Ó Senhor, que és minha fortaleza, Te amarei’. Quais são essas obras maiores? Seria porque, à passagem deles,a sua sombra curava os doentes? Era de fato obra mais admirável curar um doente com a sombra do que com a orla do vestido. Isto o fez por Si mesmo; aquilo, por meio dos discípulos. Mas ambas as coisas as fez Ele”.

 Obra consultada:  DIAS, João S. Clá, O Inédito sobre os Evangelhos Vol I, Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano, 2013

 

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97º Aniversário das Aparições de Fátima

A treze de Maio, na Cova da Iria, dos Céus aparece a Virgem Maria!

Assim se fez ouvir por toda Igreja este hino em louvor à Virgem de Fátima. Nossa Senhora foi homenageada por centenas de fieis na Igreja do Sagrado Coração Eucarístico de Jesus, no bairro do Espinheiro (Recife – PE).

Tão grande é o nosso desejo de honrar a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Cristo e, por isso, Mãe de Deus e Mãe nossa, tão grande é a nossa confiança na sua be­nevolência para com a Santa Igreja, tão grande é a nossa necessidade da sua in­tercessão junto de Cristo, seu divino Filho, que viemos, peregrinos humildes e con­finantes, junto à imagem Virgem Maria, para celebrar esta festa do 97º aniversário das aparições de Fátima e comemorarmos o 72º da consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria. (cf. Paulo VI, homilia de 13 de maio de 1967).

Em 2017 estaremos celebrando 100 anos da primeira visita da “Senhora vinda do céu”. Possam estes três anos que nos separam do centenário das Aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Virgem e da Santa Igreja.

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