25º Domingo do Tempo Comum
20 de Setembro de 2013
“Ninguém encontrou o capitão”.
Um pequeno navio chocou-se com o rochedo no litoral. Ainda o dia não havia clareado e os corpos apareciam na praia. A causa do acidente? Um único sobrevivente pode explicar. A tripulação viu-se dentro de um vendaval, mas na embarcação ninguém encontrou o capitão (e até hoje está desaparecido), o timão estava a deriva, sem ninguém que o tomasse nas mãos.
São Basílio nos diz que essa é a imagem perfeita de um homem que perde a prudência. É como um barco sem piloto, que não sabe o caminho a seguir para o porto, e é impelido pelos ventos de cá para acolá e acaba por naufragar. O imprudente não sabe qual caminho seguir e dentro de suas tempestades vai de um extremo ao outro e termina por chocar-se nos rochedos dos vícios.
Prudência dos Filhos da Luz
São Bernardo é quem nos ensina que a Prudência “é a virtude que ordena todas as virtudes, a que as modera, dá brilho e estabilidade. A prudência é governadora das virtudes, moderadora dos afetos e mestra dos costumes. Tire a prudência de um homem e logo se verá todas as virtudes transformarem-se em vícios” (cf. São Bernado, Serm. 49 in Cant).
O Divino Mestre nos dá neste 25º Domingo do Tempo Comum o exemplo da prudência perversa do administrador desonesto, a prudência humana, para que nós a santifiquemos e a apliquemos com o mesmo zelo para nossa salvação. Mostra como os filhos desse mundo tem pressa para fazer algo de desonesto para praticar o erro, enquanto que os filhos da luz….
Mons. João Clá Dias, em sua obra “O Inédito sobre os Evangelhos” abre um vasto horizonte sobre esta quarta parábola contada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Chamou-o e disse-lhe: ‘Que é isto que eu ouço dizer de ti? Dá conta de tua má administração; não mais poderás ser meu feitor’”.
A mesma coisa nos diz o Senhor todos os dias, apresentando-nos como exemplo aquele que, gozando de saúde ao meio-dia, morre antes da noite, e aquele que expira em uma festa: assim deixamos a administração de vários modos. Mas o bom administrador, o qual tem confiança, devido à sua boa administração, deseja dissolver-se como São Paulo e estar com Cristo; enquanto quem se apega aos bens da Terra se encontra cheio de angústia na hora derradeira.
“E chamando a cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de azeite’. Então disse-lhe: ‘Toma o teu recibo, senta-te e escreve depressa: cinquenta’. Depois disse a outro: ‘Tu quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o feitor: ‘Toma o teu recibo e escreve oitenta’”.
[Os comentaristas] Sublinham de modo especial essa tenacidade do administrador em alcançar seus objetivos e a tomam como exemplo para nós “porque todo aquele que, prevendo seu fim, alivia com boas obras o peso de seus pecados (perdoando a quem lhe deve ou dando boas esmolas aos pobres), e dá liberalmente os bens do senhor, granjeia muitos amigos que hão de prestar bom testemunho dele perante o juiz, não com palavras, mas manifestando suas boas obras, e de preparar-lhe, com seu testemunho, a mansão do consolo.
“E o senhor louvou o feitor desonesto, por ter procedido sagazmente. Porque os filhos deste mundo são mais hábeis no trato com os seus semelhantes do que os filhos da luz”.
Surge aqui outro versículo muito discutido entre os autores. O elogio do senhor da parábola não recai sobre os aspectos ilícitos e imorais dos atos praticados por seu administrador, mas tão somente sobre a esperteza deste. “Denominam-se contraditórias estas parábolas para compreendermos que — se pôde ser louvado pelo seu amo o homem que defraudou seus bens — muito mais devem agradar a Deus os que fazem aquelas obras de acordo com seus preceitos”
Por “filhos deste mundo” devemos entender como sendo aqueles que só se preocupam com os bens temporais. Os filhos da luz” creem na vida eterna após a morte, na ressurreição final e trabalham por sua salvação. Entretanto, a “prudência” dos primeiros é infatigável, solerte, pertinaz, inteligente, hábil com vistas a obter seus objetivos. Assim devemos ser nós face ao nosso fim último, e nisso consiste o conselho implícito na comparação feita por Jesus. Apenas para ressaltar a clareza de compreensão, é bom frisar que os “filhos da luz” são inferiores muitas vezes em matéria de prudência, mas não em sabedoria.
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