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Motivos para celebrar o mês de Maria

         Mensis iste vobis principium mensium: primus erit in mensibus anni

“Este mês será para vós o princípio dos meses: será o primeiro dos meses do ano” (Ex. 12, 2).

Para o inocente

   Muito grande é a necessidade que tens da proteção de Maria para a tua salvação. És inocente? Lembra-te que trazes o tesouro da inocência em vasos frágeis de barro, e que estás em perigo contínuo de o perder (Cf. 2 Cor. 4, 7.) Quantos, mais inocentes do que tu, caíram depressa em pecado e se perderam! Quantos ficaram amigos de Deus durante muitos meses, e até anos, e em seguida perderam a graça de Deus e naufragaram exatamente quando estavam para entrar no porto! – Isto tem acontecido não só a pessoas engolfadas em negócios temporais, nos prazeres do mundo; outras retiradas na solidão, exaustas pelos jejuns, extenuadas pelos trabalhos, levavam vida austera e penitente, e todavia caíram vítimas infelizes do pecado, talvez por um olhar, por um pensamento! Vê, pois, que também a tua inocência não te pode dar segurança.

Para o pecador

   És pecador? Sabe então que sem um auxílio poderoso te é impossível levantar-te do abismo em que caíste. O pecado tirou-te as forças: a natureza corrompida, os hábitos inveterados, as ocasiões perigosas prendem-te fortemente à Terra. E quem te defenderá contra a ira de Deus, que já está talvez com a espada levantada? Quem te livrará de tantos perigos? Quem te salvará no meio de tantos inimigos?

Para o pecador arrependido

   Se porventura já te levantastes do pecado, não precisas menos de amparo. Quem te assegura que não tornarás a cair? Quem te assegura que serás fiel até à morte? Já mais de uma vez voltaste a Deus e mais de uma vez tornaste a pecar. Ah! se não fosse Maria, estarias talvez irreparavelmente perdido!

Será que este não é meu último mês de Maio?

Pois, bem: com a devoção deste mês de Maria, podes obter o seu patrocínio e a tua Salvação. Será possível que uma Mãe tão terna deixe de atender a um seu filho devoto? Se por causa de um Rosário, de um jejum Ela tem concedido favores assinalados aos maiores pecadores, de certo não tos negará, se A servires durante um mês inteiro. Mas ai de ti, se perderes a presente graça! Ai de ti se, começando bem, depois de poucos dias afrouxares! Quem sabe se não é este o último convite que Deus te faz? A última ocasião para te converteres? Quem sabe se a este exercício não está ligada a tua perseverança final?… E, além disto, quem sabe se não é este o último ano, o último mês da tua vida? Pensa nisto seriamente e resolve-te.

Um Mês para pedir especiais graças

Seja o fruto desta meditação a mais fervorosa celebração deste mês de Maria, preparando-te para a morte, como se realmente te fora revelado que o presente mês é o último da tua vida e que terás de morrer nos primeiros dias de junho. Em vez de aumentar o número dos teus exercícios de devoção, procura antes fazer as ações do costume com mais perfeição, e cumprir com todo o rigor os deveres do teu estado.

Para esse fim, levanta-te logo, quando for hora de levantar, para não começar o dia com um ato de preguiça, e consagra-te inteiramente à divina Mãe. Faze a tua meditação com mais fervor, ouve cada manhã uma Santa Missa, e durante o dia, conforme o permitirem as tuas ocupações, lê algum tempo sobre as Glórias de Maria, ou em outro livro espiritual; faze uma visita a Jesus Sacramentado e conserva-te continuamente na presença de Deus pelo uso freqüente das orações jaculatórias. Examina sobretudo a tua consciência, e, se achares alguma coisa que te possa incomodar na hora da morte, ajusta-a quanto antes por meio de uma boa confissão; e durante todo este mês guarda-te de cometer pecados veniais plenamente deliberados. Depois, não deixes de praticar com exatidão algum obséquio especial que te proponhas fazer em honra de Maria santíssima e invoca-a sempre em tuas necessidades, particularmente com o belo título de Mãe do Perpétuo Socorro.

Oração do dia

Santíssima Mãe de Deus e Mãe de misericórdia, eis-me aqui na vossa presença e na de vosso Divino Filho, para Vos tributar as minhas homenagens, Vos louvar com a minha língua e Vos venerar com o meu coração. Iluminai, Senhora, o meu espírito, inflamai a minha vontade, a fim de que Vos possa oferecer dignamente o tributo da minha servidão, para maior glória de Deus, para honra vossa e proveito da minha alma.

Fonte: Pe. Thiago Maria Cristini, C. SS. R., “Meditações para todos os dias do ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja”, Herder e Cia., tomo II, págs. 325 – 328, Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921.

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Epifania do Senhor

Um meditação para o dia da Epifania!

Vidimus enim stellam eius in oriente, et venimus adorare eum

“Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-Lo (Mt. 2, 2).

   Jesus, apenas nascido, quis começar a comunicar-nos as graças da Redenção. Por meio de uma estrela chama os Magos, e na pessoa destes a todos nós, a fim de O venerarem.

   Os santos Reis põem-se logo a caminho, entram, adoram o Santo Menino e oferecem-Lhe as suas ofertas místicas. Adoremo-Lo nós também, em união com os santos Reis, e ofereçamos-Lhe pelas mãos de Maria os nossos corações arrependidos e amantes.

Acharam o Menino com Maria, sua Mãe

   Manda uma estrela iluminar os santos Magos, para que venham conhecer e adorar o seu Salvador. Foi esta a primeira e também a maior graça que Jesus nos deu: a vocação à fé, a qual sucede a vocação à graça, de que os homens se achavam privados.

   Jesus nasce pobre numa lapinha; os Anjos do Céu, é verdade, reconhecem-No por seu Senhor, mas os homens da terra deixam-No abandonado. Vêm apenas uns poucos pastores para O adorar. O Redentor, porém, já quer começar a comunicar-nos a graça da Redenção, e por isso começa a manifestar-Se aos gentios que menos O conheciam.

   Sem demora os Magos se põem a caminho; a estrela acompanha-os até onde está o Santo Menino. Chegados ali, entram, e o que acham? “Acharam o Menino com Maria” (Mt 2,2). Eles acham uma Donzela pobre e um Menino pobre envolto em paninhos, sem ninguém para O servir ou assistir.

   Mas como? Ao entrarem naquela humilde casa, os santos peregrinos sentem uma alegria nunca dantes experimentada;

         Os santos Reis olham depois para Maria, que está silenciosa, mas com semblante no qual reluz uma doçura celeste, acolhe-os e agradece-lhes o terem vindo os primeiros a reconhecer-Lhe o Filho por seu soberano Senhor. Eis que os santos varões, silenciosos pelo respeito, adoram o Filho da Virgem e reconhecem-No como Deus, beijando-Lhe os pés e oferecendo-Lhe os seus presentes: ouro, incenso e mirra.

   Em união com os santos Magos, adoremos o nosso pequenino Rei Jesus e ofereçamos-Lhe todo o nosso coração. sentem seu coração atraído para aquele Menino pequenino. Aquela palha, aquela pobreza, aqueles vagidos de seu pequeno Salvador, ah!, que setas de amor para seus corações, que chamas felizes de amor neles se acendem!

   O Menino acolhe-os com sorriso amável, demonstrando assim o afeto com que os aceita entre as primeiras presas da sua Redenção.

O que vou oferecer?

   Ó amável Menino Jesus, ainda que Vos veja nessa gruta, deitado sobre a palha, tão pobre e tão desprezado, a fé ensina-me que sois meu Deus, descido do Céu para a minha salvação. Reconheço-Vos por meu soberano Senhor e meu Salvador, mas nada tenho para Vos oferecer.

   Não tenho ouro de amor, porque amei as criaturas e os meus caprichos, e não Vos amei a Vós que sois infinitamente amável. Não tenho incenso de oração, porque até hoje vivi miseravelmente esquecido de Vós. Não tenho mirra de mortificação, porquanto tantas vezes tenho desgostado a vossa infinita bondade. Que poderei eu oferecer-Vos?

   Ofereço-Vos este meu coração, imundo e pobre como é; aceitai-o e transformai-o. Viestes sobre a terra exatamente para, com o vosso Sangue, purificar os corações humanos do pecado e assim transformá-los de pecadores em santos.

   Dai-me Vós mesmo o ouro, o incenso e a mirra que desejais. Dai-me o ouro de vosso santo amor; dai-me o espírito da santa oração, dai-me o desejo e a força para me mortificar em todas as coisas que Vos possam desagradar. Estou resolvido a obedecer-Vos e a amar-Vos; mas Vós conheceis a minha fraqueza, dai-me a graça de Vos permanecer fiel.

   Ó Virgem Santíssima, Vós acolhestes com tamanha benignidade e consolastes os santos Magos, acolhei-me e consolai-me também, agora que venho adorar vosso Filho e consagrar-me inteiramente a Ele. Minha Mãe, tenho confiança absoluta em vossa intercessão. Recomendai-me a Jesus. Em vossas mãos deposito a minha alma e a minha vontade; ligai-a para sempre ao amor de Jesus.

 

Fonte: Pe. Thiago Maria Cristini, C. SS. R., “Meditações para todos os dias do ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja”, Herder e Cia., tomo I, págs. 122 – 124, Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921.

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