No meio da escuridão, um grande intercessor

16 de Outubro de 2013

É pleno verão, uma verdadeira fornalha ardente e abrasadora, onde o sufoco produzido pelo calor gera uma verdadeira repulsa para os habitantes de Foggia. É um calor tal que, mesmo à sombra nos sentimos castigados. Um lugar onde quem passou não quer mais voltar, um calor causticante e terrivelmente atroz. A cidade é situada a apenas setenta e seis metros acima do nível do mar.

Para alguém que vinha de regiões mais temperadas, isso se tornava mortal. “A cabeça me dói fortemente e, em certos momentos, não consigo ordenar minhas ideias por causa do calor”, relatava Padre Pio.

Ele passara ali alguns meses no convento de Santa Ana. Ficando muito debilitado, recebeu um convite feito pelo padre Paulino de passar uma temporada em San Giovanni Rotondo, a fim de recuperar a saúde. Ficava no alto de uma serra, onde os ares puros passam com frequência. Tratava-se de um lugarejo de aproximadamente dez mil habitantes, a uns trinta quilômetros de Foggia.

O ar novo e puro que respirava lhe fez tão bem que, em poucos dias notava-se a diferença em sua fisionomia. Comentava padre Paulino: “Ele respirava com prazer o ar fresco das montanhas que circundam o convento e não mais sentia aquela sonolência e aquele peso que o oprimiam no clima abafadiço de Foggia”. Todo o seu feitio renascia visivelmente para todos.

No convento quase deserto, o padre Pio com sua magnanimidade começou a prestar assistência aos seminaristas, atendendo-os em confissão e rezando com eles. Com a audácia que tinha, quis oferecer-se a Deus como vítima de sacrifício por aquelas almas. Quais seriam as consequências desse heroísmo? Seria tão fácil assim?

Padre Pio dividia um quarto com o padre Emilio Matrice. Este ficava ao fundo de um corredor, em frente à dos seminaristas. A cama dele era toda rodeada de cortinas brancas, sustentadas por varetas de ferro.

Na pequena parede que separava os dois quartos, havia uma janela sem vidros, através da qual, todos os pequenos movimentos ou ruídos se faziam ouvir e os passos misteriosos ecoavam no corredor.

Então, em uma noite, o padre Emilio, acorda desesperadamente no meio da escuridão, sobressaltado por causa de um barulho ensurdecedor. Ele não pôde ver o que acontecera, porque, amedrontado, se envolveu como conseguira nos cobertores. O que tinha acontecido? Ora, o padre Pio soluçava e suplicava: “Madonna mia!…Nossa Senhora, me ajude!” Todos escutavam umas gargalhadas e ruídos de ferros e um arrastar de correntes horripilante. O que tinha se passado?

No dia seguinte, todos puderam ver os ferros que sustentavam as cortinas, totalmente retorcidos e espalhados pelo chão. Padre Pio tinha um olho inchado e o rosto machucado. Estava completamente arrasado.

Dias depois, diante de numerosas e insistentes perguntas, acabou explicando:

”Querem saber por que o diabo me aplicou tamanha surra naquela noite? Foi por eu defender, como diretor espiritual que sou, a um de vocês. Ele estava enfrentando uma tentação forte e difícil. Invocava de coração a Nossa Senhora, e também pedia minha ajuda. Ao sentir isto, o acudi imediatamente, pondo-me a rezar o terço, e assim com o auxilio da Virgem conseguimos derrotá-lo. E o rapaz pôde repousar tranquilo”.

Porém, vimos que todo o peso da tremenda batalha, caiu sobre o Padre Pio, que saiu vitorioso.

Com isso, fica uma lição de vida para você, caro leitor. Quando estiver passando por momentos difíceis, de provações ou tentações,  lembre-se desse pequeno e grandioso fato, ou melhor, comece desde já a rezar e saiba recorrer confiante a Nossa Senhora por intermédio dos Santos.

Por Victor Henrique Martins

Obra consultada: CESCA, Olavo. Padre Pio o santo do terceiro milênio. Myrian, 3° edição. Porto Alegre, 2006, p.88, 91.