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O descobrimento do Brasil e a ação da Igreja

 
As figuras exponenciais que encontramos no nascedouro das grandes nações brilham, em geral, pelo agressivo e implacável heroísmo, conquistando a celebridade ora em guerras justas, ora em inqualificáveis rapinas. Entretanto, um personagem entrou para a História do Brasil não em um carro de triunfo puxado por prisioneiros e vencidos, nem os hinos de guerra celebraram sua vitória, nem as armaduras foram sua vestimenta. Serviu-lhe de traje a túnica branca de sua inocência; constituía-lhe o cortejo pacífico uma raça que tirara da vida selvagem e defendera contra o cativeiro, e uma nação inteira que ajudara a construir para a maior glória de Deus. Trata-se do Beato José de Anchieta, Apóstolo do Brasil.

 

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Primeira missa no Brasil

Muito se discute a atuação missionária da Igreja durante o período das grandes conquistas, em particular na América. Acusam-na de ter promovido – ou, ao menos, não ter impedido – o genocídio dos indígenas, ter destruído sua religião e aniquilado sua cultura. Entretanto, ressalvadas as falhas e pecados que neste vale de lágrimas acompanham toda obra humana, uma visão imparcial dos fatos nos mostra a prodigiosa obra não só religiosa, mas também civilizadora e social da Igreja junto às populações nativas.No afã de reunir as ovelhas dispersas sob a égide de um só Pastor, a Igreja Católica “não subtrai coisa alguma ao bem temporal de nenhum povo, mas, pelo contrário, fomenta e assume as qualidades, as riquezas, os costumes e o modo de ser dos povos, na medida em que são bons; e assumindo-os, purifica-os, fortalece-os e eleva-os”. 

Isto se passa porque, ao levar um povo ao conhecimento do verdadeiro Deus e à prática das virtudes cristãs, a Igreja acrescenta a seus dons naturais os dons sobrenaturais. Assim, não destrói suas qualidades próprias, mas as sublima, posto que “a graça não suprime a natureza, mas a aperfeiçoa”. É o que assinalou Bento XVI em sua viagem ao Brasil:

“O que significou a aceitação da fé cristã para os povos da América Latina e do Caribe? Para eles, significou conhecer e acolher Cristo, o Deus desconhecido que os seus antepassados, sem o saber, buscavam nas suas ricas tradições religiosas. Cristo era o Salvador que esperavam silenciosamente. Significou também ter recebido, com as águas do batismo, a vida divina que fez deles filhos de Deus por adoção; ter recebido, outrossim, o Espírito Santo que veio fecundar as suas culturas, purificando-as e desenvolvendo os numerosos germes e sementes que o Verbo encarnado tinha lançado nelas, orientando-as assim pelos caminhos do Evangelho.”

Esta obra deve-se, sobretudo, ao labor de dedicados religiosos — especialmente franciscanos e jesuítas — que, abandonando a Europa, aventuraram-se pelas terras do Novo Mundo. Segundo expressão do Padre Anchieta, aportavam “os expedicionários em busca de ouro para as arcas do Rei, e o padre em busca de almas para o tesouro do céu”. De onde lhes vinha tal zelo apostólico?

Após Sua gloriosa ressurreição, Jesus aparece aos onze discípulos reunidos e lhes outorga um mandato: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi”. Estava assim delineado o caráter missionário da Igreja Católica.

Animados por este espírito, os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, na armada que trazia o primeiro Governador-geral da Colônia, Tomé de Sousa. Foram designados para esta missão o Padre Manuel da Nóbrega, outros três padres e dois irmãos. Em contraste com a exuberante beleza da terra, os religiosos encontraram um lastimável panorama espiritual: privados de qualquer assistência religiosa, os colonos portugueses haviam caído em um completo desregramento moral; nas aldeias, achavam-se os índios arraigados aos piores vícios — a antropofagia, a embriaguez e a poligamia. Ainda outros fatores vinham agravar o quadro: a animosidade entre conquistadores e nativos, a cobiça daqueles, e a desconhecida língua destes.

Devido à grandeza da obra por realizar e a escassez de operários, uma nova leva de missionários foi enviada ao Brasil em 1553. É nela que encontramos o Padre Anchieta. Alguns anos antes, ainda estudante na Universidade de Coimbra, a leitura das cartas que São Francisco Xavier escrevia do Oriente determinou seu ingresso na Companhia de Jesus, desejoso de seguir o exemplo do Apóstolo das Índias na dedicação pela glória de Deus e bem dos homens; queria também ser missionário. Tal anseio não deixaria de ser atendido.

Desde os primeiros dias em terras brasileiras, aplicou-se a aprender a língua indígena com tanto proveito que em seis meses já a dominava. Antes do ano de 1556, redigiu sua “Gramática da língua mais usada na costa do Brasil”, facilitando a aprendizagem do idioma local pelos missionários recém-chegados da Metrópole. Dedicou-se também a escrever, em tupi, obras destinadas à catequese, entre elas: “Diálogos da Fé”, “Instrução para o batismo”, “Instrução para assistência aos índios em perigo de morte” e um “Confessionário”. Pôs, assim, nas mãos dos missionários do Brasil, e também do Paraguai, valiosos instrumentos de apostolado.

 

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Beato José de Anchieta

Fato pitoresco — e que revela o desejo de tornar a doutrina católica acessível à compreensão e cultura dos “brasís”, como costumava chamar os nativos — é que, em um de seus catecismos, o Padre Anchieta enumera, entre as consequências do pecado original na obra da criação, a agressividade das cobras e das onças . 

Segundo o método adotado pelos jesuítas, foram-se criando casas e seminários – localizados estrategicamente entre as vilas portuguesas e as aldeias indígenas – onde eram instruídas as crianças indígenas e os filhos dos colonos; ao mesmo tempo, formaram-se, em pontos não muito isolados do interior, núcleos destinados aos adultos, onde a catequese se fazia pela prédica, pelo exemplo e pelas pompas do culto; não se olvidava, entretanto, dos aldeamentos mais distantes para onde, sempre que possível, eram enviados missionários. Por toda parte, mas especialmente nas aldeias, poderíamos surpreender o Padre Anchieta rodeado por uma coorte de crianças ou adultos – brancos, mamelucos e índios – ávidos por escutá-lo. Isto nas principais capitanias da época, desde a Bahia até São Vicente, passando pela Guanabara e Capitania do Espírito Santo. Nos últimos anos de vida, ninguém conhecia melhor que Anchieta o litoral brasileiro.

Suas pregações eram entremeadas de versículos e imagens da Sagrada Escritura; não deixava, contudo, de refletir as circunstâncias locais. Sabia adaptar-se a seus ouvintes e mencionava, por exemplo, com a devida aplicação parenética, quedas de cavalo e picadas de cobra. Outra nota característica de seu apostolado foi a atividade poética e musical, já que boa parte de sua poesias se destinava ao canto, tanto nas funções sagradas como para serem disseminadas entre o povo; compôs também dramas sacros em tupi, para a edificação e entretenimento nas aldeias cristãs. A Eucaristia e a Virgem Maria – suas duas mais ternas devoções – eram os principais temas de suas composições, além de histórias bíblicas próprias a instruir os índios nas verdades evangélicas. Desta forma, elevava as almas para os ideais sublimes do cristianismo. Tão prodigioso era o efeito destes cânticos sobre os indígenas, que o Padre Nóbrega assegurava ser possível atrair só com a música todos os índios da América.

Sobre os frutos desta empresa, comenta Bento XVI: “A sabedoria dos povos originários levou-os felizmente a formar uma síntese entre as suas culturas e a fé cristã que os missionários lhes ofereciam. Daqui nasceu a rica e profunda religiosidade popular, em que aparece a alma dos povos latino-americanos”.

Mas se a finalidade que norteava a ação do Padre Anchieta em sua missão era primordialmente religiosa, não deixava de ter imensa repercussão para o progresso social. Segundo palavras de João Paulo II, “em todo este ingente esforço despendido por ele, […] havia uma visão e um espírito: a visão integral do homem resgatado pelo sangue de Cristo; o espírito do missionário que tudo fez para que os seres humanos dos quais se aproxima para ajudar, apoiar e educar, atinjam a plenitude da vida cristã”.

Cada um dos numerosos núcleos formadas pelos jesuítas no litoral e zona contígua tornou-se uma vila, e foi um método seguro e prático de fazer muito suavemente a passagem da vida da taba para a urbana. Entre todos os arraiais que se fundaram, o mais famoso e característico da ação dos missionários nesta parte do continente foi o que se constituiu em Piratininga. Foram atraídos para lá importantes chefes indígenas que, com seus parentes, estabeleceram-se no local escolhido pelos religiosos. Outro fator favorecia a aproximação dos índios destes aldeamentos: perseguidos pelos caçadores de escravos, eles encontravam um refúgio seguro junto aos missionários.

Começaram pela construção de uma capela de taipa, e de casas cobertas de palha e cercadas de ripas; as moradias se alinhavam formando praças e ruas, convenientemente aplainadas. Ergueu-se também o primeiro colégio dos jesuítas no Novo Mundo, inaugurado com uma missa celebrada no dia 25 de janeiro de 1554, festa da conversão de São Paulo, o Apóstolo das Gentes. Desta coincidência proveio o nome do colégio que se acabava de fundar, e, mais tarde, da grande cidade brasileira que ali nascia. O jovem José de Anchieta, contando apenas vinte anos, foi o esteio deste colégio. Sendo o único a possuir a formação necessária, ensinava as “Humanidades” aos estudantes da Companhia, e o catecismo e primeiras letras às crianças indígenas, pois elas recebiam, além da educação religiosa, a conveniente instrução primária.

Os missionários exerceram também um importante papel de mediadores entre colonos e nativos, sanando discórdias e ódios entre as duas raças. Fato característico deu-se nas aldeias de Iperoí, em uma contenda entre os portugueses e a tribo dos Tamoios, aliada aos franceses que procuravam conquistar a baía de Guanabara. Escreve o Padre Anchieta em uma de suas cartas que, vendo a inquietação que se espalhava por toda a capitania, o Padre Manuel da Nóbrega determinou ir em pessoa tratar as pazes com os índios, levando como intérprete o então Irmão José de Anchieta. Entregando-se à Divina Providência, foram “como homens morti destinatos, não tendo mais conta com morte nem vida que quanto for mais glória de Jesus Cristo e proveito das almas, que Ele comprou com sua vida e morte”.

Tendo passado por inúmeros perigos — sobretudo no período em que Anchieta ficou só, como refém dos tamoios — conseguem finalmente restabelecer a concórdia. E não só: por sua conduta, o jovem religioso havia conquistado o respeito dos principais das aldeias, e usado de seu cativeiro como ocasião para novas conversões. Foi ali que, nas areias da praia, escreveu seu conhecido poema à Virgem Maria.

Seu apostolado foi muito fecundo. Tantos frutos devem-se não a um físico robusto — ao contrário, era de saúde débil, o que, ironicamente, determinou sua vinda para a fatigante missão do Brasil — ou apenas a seu talento e gênio natural, mas a um profundo amor a Deus. É o que ele mesmo relata na carta de 1 de junho de 1560, enviada ao Geral da Companhia, Padre Diogo Laínes:

“Quase sem cessar, andamos visitando várias povoações, assim de índios, como de portugueses, sem fazer caso de calmas, chuvas e grandes enchentes de rios, e muitas vezes de noite por bosques muito escuros socorremos aos enfermos, não sem grande trabalho, seja pela aspereza dos caminhos, como pela incomodidade do tempo. […].” Mas nada é árduo aos que têm por fim somente a glória de Deus e a salvação das almas, pelas quais não duvidarão dar a vida.

Passaram-se os séculos e a sociedade hodierna encontra-se não menos necessitada de santos missionários que a de outrora. Possa o exemplo do Beato José de Anchieta ser um estímulo, nos dias atuais, aos evangelizadores chamados a reconduzir tantos filhos pródigos à casa Paterna, cooperando para que “o desígnio de Deus, que fez de Cristo o princípio de salvação para todo o mundo, se realize totalmente”.

 Por Irmã Clarissa Ribeiro de Sena, EP

BIBLIOGRAFIA

ANCHIETA, José de. Cartas : correspondência ativa e passiva. 2.ed. São Paulo : Loyola, 1984. 528 p.
BENTO XVI. Sessão inaugural dos trabalhos da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, Santuário de Aparecida, 13 Maio 2007. [Em linha] [Consulta: 17 Ago. 2009].

BÍBLIA SAGRADA. 140.ed. São Paulo : Ave-Maria, 2001. 1632 p.

CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja. [Em linha] [Consulta: 07 Ago. 2009].

JOÃO PAULO II. Homilia na viagem apostólica ao Brasil, 03 Jul. 1980. [Em linha] [Consulta: 21 Ago. 2009].

ROCHA POMBO. História do Brasil. 1 v. São Paulo : Editora Brasileira, 1967. 501 p.

TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. 1 v. São Paulo : Loyola, 2001. 693 p.

VIOTTI, Hélio Abranches. Anchieta : o apóstolo do Brasil. São Paulo : Loyola, 1966. 340 p.

 

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O Santo Rosário – Parte 3

* Origem do Rosário

          No ano de 1214 — segundo narra o Bem-aventurado Alain de la Roche, em seu famoso livro intitulado De dignitate Psalterii — vendo São Domingos que os crimes dos homens criavam obstáculos à conversão dos albigenses, entrou num bosque de Toulouse e nele passou três dias e três noites em contínua oração e penitência, não cessando de gemer, de chorar e de macerar o seu corpo com disciplinas para acalmar a cólera de Deus até cair meio morto. Nesse momento, a Santíssima Virgem, acompanhada de três princesas do Céu, lhe apareceu e disse: “Sabes tu, meu querido Domingos, de que arma se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?” Ó Senhora! respondeu ele, Vós o sabeis melhor que eu, porque depois de vosso Filho, Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa Salvação. Ela acrescentou: “Sabei que a peça principal da bateria foi a saudação angélica, que é o fundamento do Novo Testamento; e portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu saltério”.

         O Santo levantou-se muito consolado e abrasado de zelo pelo bem destes povos, entrou na Catedral; no mesmo instante os sinos repicaram, pela ação dos anjos, para reunir os habitantes, e ao começar a pregação desatou-se uma espantosa tormenta; a terra tremeu, o sol se velou, os repetidos trovões e relâmpagos fizeram estremecer e empalidecer os ouvintes; e aumentou ainda o seu terror ao ver uma imagem da Santíssima Virgem, exposta em lugar eminente, levantar os braços três vezes ao Céu para pedir a Deus vingança contra eles se não se convertessem e recorressem à proteção da Santa Mãe de Deus.

          O Céu queria por meio destes prodígios aumentar a nova devoção do santo Rosário e fazê-la mais notória. A tormenta cessou por fim, pelas orações de São Domingos. Continuou ele seu discurso e explicou com tanto fervor e entusiasmo a excelência do Rosário, que os habitantes de Toulouse o abraçaram quase todos, renunciando a seus erros, vendo-se em pouco tempo uma grande mudança na vida e nos costumes da cidade.

 

* Um sermão sobre o Rosário recebido por São Domingos das próprias mãos de Nossa Senhora

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O Santo Rosário – Parte 2

* Ainda que já tenhais um pé no inferno…

       Ainda quando vos encontreis à beira do abismo ou já tenhais um pé no inferno; ainda que fôsseis um herege endurecido e obstinado como um demônio, cedo ou tarde, vos convertereis e salvareis, contanto que (repito-o, e notai as palavras e os termos de meu conselho) rezeis devotamente todos os dias o Santo Rosário até a morte, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de vossos pecados.

 

* Adotai a resolução de rezar o Rosário todos os dias

      Não desprezeis, pois, minha planta excelente e divina, plantai-a em vossa alma, adotando a resolução de rezar o Rosário. Cultivai-a e regai-a, rezando-o fielmente todos os dias e fazendo boas obras, e vereis como este grão que parecia tão pequeno chegará a ser com o tempo uma árvore frondosa, onde as almas predestinadas e elevadas à contemplação farão seus ninhos e morada para resguardar-se, à sombra de suas folhas, dos ardores do sol; para, nas alturas, se protegerem dos animais ferozes da terra; e para serem, enfim, delicadamente alimentadas com seu fruto, que não é senão o adorável Jesus, a quem seja dada honra e glória pelos séculos e séculos. Amém.

 

* “A Senhora a quem rezava o Rosário a levara para um lindíssimo lugar…”

       Duas meninas, pequenas irmãs, estavam à porta de sua casa rezando devotamente o santo Rosário. Aparece-lhes uma formosa Senhora, a qual se aproxima da menor, que tinha de 6 a 7 anos, a toma e a leva. Sua irmã maior a procura, cheia de perturbação, e, sem esperança de a encontrar, volta à sua casa chorando. O pai e mãe a procuram durante dois dias sem êxito. Passado esse tempo a encontram à porta com o rosto alegre e feliz. Perguntaram-lhe de onde vinha, e ela respondeu que a Senhora a quem rezava o Rosário a levara para um lindíssimo lugar onde lhe dera para comer coisas muito boas e colocara nos seus braços um Menino belíssimo.

       O pai e a mãe recém convertidos à Fé, chamaram o padre jesuíta que os tinha instruído nisso e na devoção ao Rosário, e lhe contaram o que havia sucedido. De seus próprios lábios soubemos nós o fato. Aconteceu no Paraguai.

       Imitai, amadas crianças a estas duas fervorosas meninas; rezai todos os dias, como elas, o Rosário e merecereis assim ver a Jesus e a Maria, senão nesta vida, depois da morte, durante a eternidade. Amém.

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O Santo Rosário – Parte 1

          Caríssimos internautas, começaremos neste mês a publicar, em partes, a belíssima história do rosário e seus efeitos na vida cotidiana de seus piedosos devotos e como pedra fundamental, serão transcritos vários trechos do livro “O segredo admirável do Santo Rosário”, escrito pelo grande Santo Mariano, São Luís Maria Grignion de Monfort.

          Como introdução, vejamos os escritos de São Luís:

Introdução:

        Não duvido que os espíritos fortes e críticos de nossos dias que lerem as histórias deste blog as porão em dúvida, como fizeram sempre, se bem que seja transcrito de muito bons autores contemporâneos e em parte de um livro composto recentemente pelo Pe. Antônio Thomas, da Ordem dos Dominicanos, intitulado “A Roseira Mística”.

        Todos sabem que há três tipos de fé para as diferentes histórias. Às histórias da Sagrada Escritura devemos uma Fé divina; às histórias profanas, que não repugnam à razão e estão escritas por bons autores, uma fé humana; às histórias piedosas referidas por bons autores e de nenhum modo contrárias à razão, à Fé e aos bons costumes, embora às vezes sejam extraordinárias, uma fé piedosa. Reconheço que não se deve ser nem muito crédulo nem muito crítico e que devemos ficar sempre no meio para encontrar o ponto da verdade e da virtude, mas também sei que, assim como a caridade crê facilmente tudo aquilo que não é contrário à Fé nem aos bons costumes: Charitas omnia credit (1Cor. 13,7), do mesmo modo o orgulho conduz a negar quase todas as histórias bem justificadas, sob o pretexto de que não estão na Sagrada Escritura.

        É o laço de Satanás, em que caíram os hereges que negam a tradição e onde os críticos de hoje caem insensivelmente, não crendo porque não compreendem, ou, quando não lhes agrada, sem outra razão a não ser o orgulho e sua própria auto-suficiência.

 

* Uma devoção verdadeiramente grande, sublime, divina

          Permiti-me que vos apresente a rosa branca deste pequeno livro para introduzir no vosso coração e na vossa boca as verdades que nele se exprimem de modo simples e sem ostentação. No vosso coração, para que vós mesmos empreendais a prática santa do Rosário e degusteis seus frutos. Na vossa boca, para que pregueis aos demais a excelência desta santa prática e os convertais por este meio. Evitai, se não vos parecer mal, de ver esta prática como insignificante e de escassas conseqüências, como faz o vulgo e também muitos sábios orgulhosos: é verdadeiramente grande, sublime, divina. Foi o Céu que vo-la deu para converter os pecadores mais endurecidos e os hereges mais obstinados. Deus vinculou a ela a graça nesta vida e a glória na outra. Os santos a exercitaram e os Soberanos Pontífices a autorizaram.

          Ó quão feliz é o sacerdote e diretor de almas a quem o Espírito Santo revelou este segredo, desconhecido da maior parte dos homens ou só conhecido superficialmente! Se chega a seu conhecimento prático, recitá-lo-á todos os dias e o fará recitar pelos outros. Deus e Sua Mãe Santíssima derramarão copiosamente a graça na sua alma para que seja instrumento de sua glória; e produzirá mais fruto com sua palavra, apesar de simples, em um mês, que os demais pregadores em muitos anos.

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