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Antífonas do Ó – I

 

17 de Dezembro

No período entre os dias 17 e 23 de Dezembro passamos a ouvir na Aclamação ao Evangelho (nas missas) e na introdução do cântico do Magnificat na oração das Vésperas, as chamadas “antífonas do Ó”, assim conhecidas por começarem com este vocativo. Segundo a tradição, foram compostas pelo Papa São Gregório Magno e demonstram a grande expectativa do povo que aguarda a chegada do Messias.

Neste dia 17 de Dezembro a liturgia nos diz

“O Sapientia quæ ex ore Altissimi prodisti, attingens a fine usque ad finem, fortiter suaviter disponens omnia: Veni ad docendum nos viam prudentiae”

“Ó SABEDORIA do Altíssimo, que tudo determina, com doçura e com vigor: oh, vem nos ensinar o caminho da prudência”

O Agnus Dei da Santíssima Virgem

Quem nos ajuda na meditação de hoje é São João de Ávila. Em um de seus sermões de Natal, ele dizia:

Resta-me ainda uma dúvida, minha Rainha (refería-se a Nossa Senhora): por que colocastes o vosso Filho na manjedoura? Já sei que foi Ele quem o quis. Mas agora desejo saber por que o fizestes Vós. Há moças que usam a medalha do Agnus Dei (Relicário com a imagem do Cordeiro de Deus, bastante em voga na época) para ficarem mais belas. Mas esse Agnus Dei, o Cordeiro de Deus que a Virgem Maria tem nos braços é o que há de mais belo, pois é o santíssimo Menino. Nos braços de sua Mãe, resplandece e embeleza-a mais do que as estrelas do céu e a terra.

Bem-aventurados os olhos que mereceram vê-los! Uma coisa muito linda: a Virgem Maria e o Menino com Ela, no seu colo; uma Lua vestida de um Sol. Não há nada mais belo de se ver. Rogai à Virgem Maria que vos dê olhos que saibam vê-la. Quando contemplo uma imagem de Nossa Senhora com o Menino nos Braços, penso que já vi tudo.

Se vedes como estais formosa com Ele, Maria, por que retirais o Agnus Dei do vosso regaço? Por que tirais dos braços Aquele cujo Pai verdadeiramente está nos céus, Aquele que é Senhor do céu e da terra, igual ao Pai e Espírito Santo? Penso que deveis ter chorado de agradecimento e que as vossas lágrimas terão rolado pelo vosso rosto e banhado o rosto do Menino – “Que maravilha ter nos meus braços Aquele que me criou!”, diria a Senhora, pois sabia dar graças por isso. Amava o seu Filho mais do que a sua própria vida.

Senhora, por que perdestes tanto regozijo? Por que retirastes o Agnus Dei do vosso colo? – “Quereis que vo-lo diga?Que Deus vos dê a graça de compreender e de não o esquecer: tirei para entrega-lo a vós. E eu cuidarei dEle para vosso bem. (…) Estou alimentando este Cordeiro para os homens; trabalharei, tecerei e fiarei com as minhas mãos para alimentá-lo para os homens”.

Davi disse: Tratai de compreender, gente estulta (Sl 93,8). E assim deve ser, a fim de que, colocado na manjedoura, compreendamos como nós, os homens, nos transformamos, pelo pecado, em animais; mas se nos arrependermos, poderemos aproximar-nos desse Cordeiro, pois está no lugar onde os animais comem. Que outra coisa posso fazer senão expulsar de mim os pecados e acolher este Menino e ousar chamá-lo, daqui por diante, com grande alegria: “Meu Menino e meu Deus!”?

Fonte:

O presente texto foi extraído do livro, O Mistério do Natal – São João de Ávila, Editora Quadrante, São Paulo, 1998, p. 48-50

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