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Taquinerie

30 de Outubro de 2013

Certamente o caro leitor deve ter ficado um tanto intrigado com o título deste Post. Será erro de digitação ou algo do gênero? Fique tranquilo, é apenas uma palavra nova que aprendi em francês e gostaria de usá-la em alguma ocasião. Talvez esta não seja a ocasião mais adequada, mas não tem problema, pois achei esta palavra interessante e quis colocá-la.

Pesquisando um pouco, descobri que a palavra taquinerie, em português, quer dizer uma espécie de “cutucão provocador” ou alfinetada. Algo parecido com uma indireta, que certamente alguém já deve ter recebido de algum companheiro de trabalho ou até mesmo do próprio chefe… Aquilo vem, ficamos corados de vergonha e logo sussurram ao “pé” de nosso ouvido: “Ui, essa doeu”!

*     *     *

 Bem, isso tudo me faz lembrar de uma história que li há um certo tempo num jornalzinho interno que percorre o seminário dos Arautos, que era mais ou menos assim:

Certo dia, por ocasião de uma solenidade, o Príncipe de Conti, irmão mais novo do Grand Condé, que foi um dos generais mais importantes no início do reinado de Luís XIV, foi à igreja de Saint-Sulpice, em Paris, para assistir um dos Ofícios, como era de costume dos nobres do Antigo Regime.

Devido à grande quantidade de fiéis, ocorreu que o tal príncipe teve que sentar-se ao lado de um seminarista. Levado por uma curiosidade sem propósito, perguntou ao jovem:

– Podes me dizer o que se aprende no Seminário?

Entretanto, o silêncio do rapaz foi a única resposta. Repetiu a pergunta mais uma vez num tom de voz um pouco mais forte, pois talvez o seminarista não tivesse ouvido. Contudo, ainda não obteve resposta alguma. Mais uma tentativa e…, o jovem olhando-o com toda seriedade respondeu:

-Alteza, nós aprendemos a guardar silêncio nas igrejas e lugares santos.

Humm! Mais valia ter ficado quieto…

*     *     *

Talvez a “taquinerie” ou a “provocação” tenha sida um pouco forte demais mas, é a pura verdade. Os grandes pensadores católicos costumam nos advertir que “é no silêncio que Deus nos fala” ou “o silêncio é o claustro dos Anjos”.

Toda reverência é pouca diante dos santos mistérios que se passam diante de nossos olhos durante os atos litúrgicos. Quantas e quantas vezes somos indisciplinados nesta matéria…? Quantas vezes somos levados pela trivialidade e pela irreverência ante a seriedade que estes atos nos impõe? Quantas vezes nos ausentamos de certas partes da Missa enquanto Deus fica à nossa espera?

Espero que esta pequena história tenha servido de lição para o leitor, pois é antes para nossa advertência que Deus nos repreende.

Já diz o provérbio oriental: “As palavras valem prata, mas o silêncio vale ouro”. Jamais nos esqueçamos do que diz Escritura a respeito de Nossa Senhora: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração”(Lc 2,19).

Peçamos a graça de participarmos dignamente das Santas Missas para que, ouvindo a Palavra de Deus, possamos pô-la em prática.

Por Diego Maciel

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